Sporting-Arouca, 2-2 (crónica)

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Na noite de todos os ««azares», o Sporting arrancou um empate, em Alvalade, diante do Arouca (2-2), e permitiu que o Benfica cortasse a distância para para apenas dois pontos no topo da classificação. Um jogo em que quase tudo saiu mal aos leões que estiveram por duas vezes em desvantagem e tiveram que recorrer a tudo o que tinham na alma para resgatar um ponto já depois de reduzidos a dez. Uma noite a justificar a existência da Lei de Murphy. Tudo o que podia correr mal, correu mesmo pelo pior, a começar com um autogolo, passando por mais duas lesões, um penálti e uma expulsão. O empate acaba por ter um sabor agridoce, com o lado amargo a ficar claramente do lado do Arouca que esteve por duas vezes em vantagem e teve várias oportunidades para espetar uma última estocada no leão na ponta final do jogo. 

Confira o FILME DO JOGO

O Sporting entrou em campo, desde logo, pressionado com a vitória do Benfica nos Açores, que deixava o rival a apenas um ponto no topo da classificação, mas os primeiros minutos do jogo foram um verdadeiro pesadelo para a equipa de Rui Borges. Com Viktor Gyökeres de regresso ao onze inicial, os leões até entraram bem no jogo, com uma elevada posse de bola e uma circulação a toda a largura, mas foi o Arouca que chegou ao golo, logo aos 8 minutos, num lance anedótico que vai, com certeza, fazer furor, nas redes sociais. St. Juste, sem olhar, atrasou uma bola a meia altura e Rui Silva, que estava adiantado, tentou recuperar, mas, acabou por desviar a bola para as próprias redes. Silêncio profundo em Alvalade.

Aumentava o grau de dificuldade para o desafio desta noite, mas os leões viriam ainda a sofrer novos contratempos nos minutos que se seguiram. Logo a seguir ao golo inaugural, St. Juste, com problemas físicos, pediu para sair e cedeu o lugar a Debast. Mais três minutos e nova contrariedade, agora com Daniel Bragança caído sobre o relvado. O médio saiu amparado por dois elementos da equipa médica, ao que tudo indica, com uma lesão grave, e cedeu o lugar a Conrad Harder. Tudo isto antes dos primeiros quinze minutos de jogo. Um autogolo e duas saídas forçadas a atrapalhar os planos de Rui Borges.

A verdade é que, já com o dinamarquês em campo, o Sporting reagiu bem às dificuldades, atacou a profundidade com todas as armas que tinha à mão e, aos 17 minutos, acabou por chegar ao empate para delírio das bancadas. Gonçalo Inácio recuperou uma bola em terrenos adiantados, Gyökeres entrou na área e serviu Harder que só teve de desviar a bola de Mantl. Estava feito o empate. 

Um golo que tranquilizou as bancadas e a equipa. Apesar de todas as contrariedades, os leões demonstravam que tinham ferramentas para dar a volta a todos os azares. De facto, a equipa partiu à procura da reviravolta e até esteve perto de a conseguir, primeiro num remate de Gyökeres, depois numa cabeçada de Harder, mas, afinal, o pesadelo não tinha acabado ainda em Alvalade. Alias, a noite ainda ia ser longa no capítulo dos azares.

O Arouca, sempre com um jogo ousado, cresceu nos instantes finais da primeira parte e voltou a colocar o leão em extremas dificuldades. Primeiro foi Henrique Araújo a atirar à trave, na sequência de um cruzamento de Tiago Esgaio. Logo a seguir, Sylla rematou fortíssimo para grande defesa de Rui Silva e, depois destas duas ameaças flagrantes, já em tempo de compensação, o árbitro, alertado pelo VAR, acabou por assinalar penálti, por falta de Hjulmand sobre Henrique Araújo.

Na conversão do castigo máximo, o avançado formado no Benfica, atirou colocado, sem hipóteses para Rui Silva que até acertou no lado. O Arouca tinha entrado a ganhar no jogo e ia mesmo para o intervalo em vantagem. Os leões tinha, outra vez, uma montanha para subir pela frente, mas ainda faltavam 45 minutos.

E agora com dez…

O Sporting entrou depois com tudo na segunda parte, com uma pressão asfixiante sobre a defesa do Arouca, a carregar por todos os lados, mas foi o Arouca que voltou a estar perto do golo, numa transição rápida conduzida por Pablo Gonzálbez que fez um compasso de espera para servir Trezza que rematou na passada obrigando Rui Silva a mais uma grande defesa. Nesta altura o guarda-redes do Sporting já se tinha redimido do erro inicial e viria mesmo a ser uma das figuras incontornáveis deste jogo.

Na noite de todos os azares, Hjulmand, que já tinha visto um amarelo no lance do penálti, acabou por ver um segundo, novamente por agarrar um adversário. Depois de ter descanado na Champions, o capitão regressou para comprometer. Reduzido a dez, o Sporting perdeu o equilíbrio em campo e o Arouca teve duas oportunidades flagrantes para aumentar a vantagem, com remates fortes de Jason e Fukui para mais duas grandes defesas de Rui Silva.

O leão procurou novo equilíbrio, com Trincão no corredor central, entregando a direita a Harder, mas o jogo estava agora completamente partido, com parada e resposta. O Arouca respondia na mesma moeda à intensidade que os leões procuravam colocar no jogo e, nesta altura, o jogo podia cair para qualquer um dos lados. Caiu para o lado do Sporting, com Conrad Harder, sempre muito em jogo, a atrasar uma bola para o remate fulminante de Trincão. Estava feito o empate e o estádio quase veio abaixo, ainda com quinze minutos pela frente.

Mas o jogo prosseguiu exatamente como estava antes do empate, elétrico, frenético, de tirar o fôlego, com o Sporting à procura da reviravolta, mas com o Arouca sempre com os olhos postos na baliza de Rui Silva, face ao muito espaço que os leões deixavam nas suas costas, agora com João Simões a desdobrar-se para tentar conter as constantes transições da equipa da Serra da Freita. Com os adeptos de pé, as oportunidades multiplicaram-se nas duas balizas a um ritmo estonteante.

Rui Borges procurou dar frescura à sua equipa na ponta final, lançando o reforço Biel e proporcionado a estreia na Liga a Alexandre Brito, mas foi o Arouca que voltou a estar perto do golo, num ataque de quatro para dois, mas Fukui atirou ao lado. Já em período de compensação, as bancadas de Alvalade saltaram por duas vezes, primeiro num desvio de calcanhar de Harder que levou a bola, a saltitar, a passar ao lado do poste. Logo a seguir, num desvio de cabeça de Gyökeres que também passou a rasar o poste.

Mas a última palavra foi mesmo do Arouca, ou melhor, de Rui Silva, com uma defesa de andebol, depois do Arouca ter chegado, mais uma vez, à área do Sporting, em vantagem numérica e com tudo para fazer o golo.

O jogo acabou mesmo com um empate, mas com Alvalade a aplaudir de pé, a reconhecer o esforço que os leões deixaram sobre o relvado no jogo de todas as adversidades. Menos feliz deve ter ficado o Arouca que teve tudo para regressar a casa com um resultado histórico, mas viu a vitória escapar nas luvas de Rui Silva.

Fonte: Mais Futebol

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