Syrah Retoma Exportação de Grafite de Balama e Reposiciona-se no Mercado Global

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A Syrah Resources retomou as exportações de grafite natural a partir da mina de Balama, em Cabo Delgado, Moçambique, após mais de seis meses de interrupção causados por tensões sociais locais. O levantamento da cláusula de força maior ocorre numa altura crítica para o sector, em que os Estados Unidos impuseram tarifas sobre o grafite da China, reposicionando Balama como activo estratégico na cadeia global de fornecimento para baterias eléctricas.

Retoma Operacional Após Agitação Social
A suspensão das operações da Syrah teve início em Dezembro de 2024, quando a empresa declarou força maior perante os mercados, citando os protestos populares que eclodiram após as eleições gerais de Outubro. As manifestações, lideradas por agricultores locais com queixas relacionadas ao reassentamento, escalaram com episódios de violência, danos a infraestruturas e bloqueio do acesso à mina, obrigando à paralisação de toda a operação.

A normalização iniciou-se em Maio de 2025, com o restabelecimento do acesso ao local. A produção foi retomada a 19 de Junho e, em Julho, a empresa iniciou o carregamento de grafite para exportação, marcando oficialmente o fim da cláusula de força maior.

Alívio Regulatório e Impacto de Mercado
A retirada da força maior devolveu confiança ao mercado. Em menos de um mês, as acções da Syrah na bolsa australiana (ASX: SYR) subiram 48%, fixando-se em 0,415 dólares australianos, o que representa uma capitalização de mercado próxima dos 432,5 milhões de dólares.

Segundo a empresa, os primeiros carregamentos retomados em Julho destinam-se maioritariamente a mercados fora da China, aproveitando-se do novo contexto internacional favorável à diversificação das fontes de grafite. Os Estados Unidos impuseram recentemente tarifas antidumping superiores a 160% sobre o grafite chinês, abrindo espaço para fornecedores alternativos como a Syrah.

Infraestrutura Estratégica e Sustentabilidade
A mina de Balama é uma das maiores do mundo em reservas de grafite, com capacidade nominal de produção anual de 350 mil toneladas. A operação é alimentada por uma central híbrida (solar, baterias e geradores a diesel), permitindo à Syrah reduzir em até 35% o consumo de combustíveis fósseis, o que reforça os seus compromissos ambientais.

A empresa complementa a operação com uma unidade industrial nos Estados Unidos – a Vidalia Active Anode Material Facility, no Louisiana – dedicada à conversão do grafite de Balama em material activo para baterias. Com capacidade instalada de 11.250 toneladas por ano, o complexo será expandido para 45 mil toneladas até 2026, consolidando a estratégia de integração vertical da Syrah.

Reposicionamento Geopolítico
A nova dinâmica no mercado global de grafite, impulsionada por factores geopolíticos e pela crescente procura de materiais críticos para a transição energética, reposiciona Moçambique como um actor estratégico. Ao retomar as exportações, a Syrah fortalece a sua presença num mercado cada vez mais competitivo e regulado, especialmente nos EUA e na Europa, onde crescem as exigências por cadeias de abastecimento fiáveis, transparentes e fora da esfera de influência chinesa.

Desafios Persistentes e Perspectivas
Apesar da retoma, a Syrah reconhece que persistem riscos operacionais e sociopolíticos em Moçambique. As causas subjacentes às manifestações – sobretudo questões ligadas ao reassentamento e às relações comunitárias – exigem atenção contínua. A empresa reiterou o seu compromisso em manter um diálogo activo com as autoridades locais e comunidades, de modo a garantir estabilidade e sustentabilidade a longo prazo.

A retoma da exportação de grafite da mina de Balama marca um ponto de inflexão para a Syrah Resources, que recupera a capacidade de abastecer o mercado global num contexto geopolítico favorável. Para Moçambique, o relançamento da operação simboliza a importância crescente do país como fornecedor de matérias-primas críticas, ainda que dependente da estabilidade interna e de uma governação responsável das suas riquezas naturais.

Fonte: O Económico

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