Há um segredo que a terra sussurra quando o vento muda de direção.
Não se ouve com os ouvidos, sente-se com a alma.
É o murmúrio das estações, esse compasso invisível que molda a existência com mãos de tempo.
Nascemos verão, quentes de descoberta.
Corremos pelos campos da infância como quem não teme o fim do dia,
Mas logo vem o outono, com suas despedidas disfarçadas de cor.
As folhas caem como caem as certezas, belas, suaves, inevitáveis.
No inverno, aprendemos o silêncio.
Aprendemos a esperar, a recolher-se, a deixar que a vida repouse sob a pele.
É no frio que se forjam raízes, que se escuta o que não foi dito.
E então, quando já não se espera, floresce a primavera.
E compreendemos: renascer é o mais antigo dos milagres.
A vida não é reta, nem lógica, nem exata.
É curva, como o voo de um pássaro que retorna.
É ritmo, como o coração que bate entre um amor e outro.
É saudade, que aprende a se vestir de memória para seguir.
Ser estação é aceitar o ir e vir das coisas..
É entender que cada fim traz em si um começo.
E que o tempo, ah! o tempo, nunca deixa de plantar futuros.
Celebramos o que somos: Revista Tempo
instantes em movimento, ciclos em espiral, histórias que se reinventam.
Porque viver é isso, ser estação.
É guardar no íntimo, o nome secreto da vida.






