27.1 C
New York
Thursday, October 2, 2025
InícioEconomiaTendências Globais no Upstream: Entre as Pressões da OPEC+ e a Luta...

Tendências Globais no Upstream: Entre as Pressões da OPEC+ e a Luta das Majors por Reduzir Emissões

Resumo

A indústria global de upstream enfrenta contradições em 2025, com as Majors a tentar conciliar metas climáticas e aumento da produção, enquanto a OPEC+ começa a desmantelar cortes voluntários de petróleo. A análise de Fraser McKay revela um desafio crescente, com aumento nas emissões absolutas de algumas petrolíferas em 2024, devido ao crescimento da produção. A OPEC+ está a reverter os cortes voluntários gradualmente, mas o impacto líquido é limitado devido a compensações obrigatórias. O relatório destaca a dificuldade em conciliar produção crescente com metas ambientais. O panorama global do upstream destaca a necessidade de equilibrar produção e descarbonização para garantir competitividade e sustentabilidade a longo prazo, um alerta para Moçambique e os seus megaprojetos.

A indústria global de upstream entra em 2025 num momento de contradições: enquanto as Majors procuram equilibrar metas climáticas com o aumento da produção, a OPEC+ começa a desmontar os cortes voluntários de petróleo que sustentaram os preços desde 2022. O resultado é um mercado instável, pressionado por factores geopolíticos, ambientais e de oferta.

Segundo a mais recente análise de Fraser McKay, Head of Upstream Analysis, os sinais vindos das principais petrolíferas indicam um desafio crescente: após anos de ganhos na redução de emissões, 2024 trouxe uma reversão na tendência, com as Majors a reportarem aumento nas emissões absolutas de âmbito 1 e 2. A principal razão foi um acréscimo de 4% na produção, embora a maior participação de gás natural e tight oil tenha ajudado a moderar a intensidade das emissões.

Entre as grandes companhias, apenas a Eni e a Equinor mantiveram uma trajectória de queda. Já outras enfrentam estagnação em áreas críticas, como a redução do metano. A leitura dos analistas é clara: os ganhos “fáceis” de descarbonização ficaram no passado, e compensar volumes crescentes de produção será cada vez mais difícil.

No plano da oferta, a OPEC+ iniciou em Abril de 2025 o desmantelamento gradual da última tranche de cortes voluntários, equivalentes a 2,2 milhões de barris por dia. A medida, partilhada por oito países (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Kuwait, Argélia, Cazaquistão, Omã e Rússia), será totalmente revertida até Setembro de 2025.

Contudo, o impacto líquido é mais reduzido: países que excederam quotas no passado são obrigados a compensar com cortes adicionais, o que limita a quantidade de petróleo efectivamente regressada ao mercado. A avaliação dos analistas é que o crescimento da produção não-OPEC+ (particularmente dos EUA) deixa pouco espaço para que este aumento de oferta se traduza em subida de preços. Pelo contrário, novas tranches de produção poderiam empurrar os preços para baixo.

O relatório inclui ainda uma análise retrospectiva de 20 anos sobre a criação de valor na exploração, destacando mudanças estruturais no aproveitamento de activos de gás no Lower 48 (EUA), bem como desenvolvimentos no Médio Oriente, como os campos marginais da ADNOC e a expansão do North Field no Qatar.

O panorama actual do upstream global mostra como a indústria se encontra no fio da navalha: de um lado, pressões para aumentar a produção e receitas fiscais; do outro, a necessidade de manter metas ambientais e responder à transição energética. Para Moçambique, que se prepara para lançar o Coral Norte e outros megaprojectos, estas tendências internacionais são um alerta: o equilíbrio entre o crescimento da produção e os compromissos de descarbonização será determinante para assegurar competitividade e sustentabilidade a longo prazo.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

Milhares de famílias continuam fugindo de suas casas em Porto Príncipe devido à violência de gangues

Luta Contra as Gangues: O que é a nova tropa apoiada...

0
A Força de Supressão de Gangues (GSF) é uma missão multinacional autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU para combater gangues no Haiti, composta por...
- Advertisment -spot_img