Resumo
O CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, assegura que o projeto de gás liquefeito em Cabo Delgado não excederá os 20,5 mil milhões de dólares, contrariando estimativas mais altas e reafirmando o compromisso de retomar as operações, em meio a negociações cruciais com o Governo moçambicano. A TotalEnergies destaca que os custos adicionais de 4,5 mil milhões de dólares durante a suspensão do projeto incluem despesas de manutenção, segurança e contratos suspensos. A empresa solicitou uma extensão de 10 anos ao prazo de desenvolvimento e produção, sujeita à aprovação das autoridades moçambicanas, que poderão exigir maior clareza sobre os benefícios para o país e metas de conteúdo local. O reinício do projeto pode impulsionar a economia local, mas o Governo pondera cuidadosamente as concessões devido ao impacto nas receitas futuras e na gestão de recursos naturais.
<
p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Patrick Pouyanné, CEO da TotalEnergies, garante que o custo global do projecto de gás liquefeito em Cabo Delgado não ultrapassará os 20,5 mil milhões de dólares, contrariando estimativas mais elevadas e reiterando o compromisso com a retoma das operações, num contexto de negociações cruciais com o Governo moçambicano.
As declarações recentes do CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, dissiparam parte das especulações em torno do custo do projecto de gás natural liquefeito (GNL) em Moçambique. O executivo francês garantiu que o orçamento global se mantém em cerca de 20,5 mil milhões de dólares, contrariando estimativas superiores e reforçando a intenção de retomar as operações suspensas desde 2021, quando a empresa declarou força maior devido à insegurança em Cabo Delgado.
A Retoma de Um Megaprojecto e a Confiança dos Mercados
O projecto Mozambique LNG, situado na península de Afungi, província de Cabo Delgado, é considerado o maior investimento privado em curso em África e um dos pilares das ambições energéticas moçambicanas. O prolongado período de suspensão, motivado pela insurgência armada, interrompeu não apenas as obras físicas mas também as expectativas de receitas fiscais e de dinamização das cadeias produtivas locais.
O anúncio de que o custo total permanece estável em 20,5 mil milhões USD — e não nos 25 mil milhões USD reportados por algumas fontes — é visto como um gesto de disciplina financeira e tentativa de restaurar a confiança dos mercados e dos parceiros de financiamento. A TotalEnergies sublinha que os 4,5 mil milhões USD adicionais correspondem a custos suportados durante o período de força maior, englobando manutenção, segurança e despesas com contratos suspensos.
Negociações Cruciais e Pressões de Calendário
Segundo fontes oficiais, a multinacional comunicou ao Governo moçambicano o novo quadro de custos e solicitou a extensão de 10 anos ao prazo de desenvolvimento e produção. Essa revisão contratual implica um processo de análise e aprovação por parte das autoridades nacionais, que poderão, em contrapartida, exigir maior clareza quanto aos benefícios para o país e às metas de conteúdo local.
A decisão do Executivo será determinante para a calendarização final do projecto, cuja retoma operacional deverá ocorrer apenas após a validação do orçamento e do plano de execução. O Governo encara o tema com prudência, ciente de que eventuais concessões podem ter impacto directo nas receitas futuras e na percepção pública sobre a gestão de recursos naturais.
Conteúdo Local e Desafios de Inclusão Económica
O reinício do Mozambique LNG tem potencial para reactivar centenas de contratos com empresas moçambicanas, gerar milhares de empregos e estimular o investimento em infra-estruturas e serviços de apoio. Todavia, especialistas alertam que a incorporação efectiva de fornecedores nacionais dependerá da capacidade do país de apresentar um ecossistema empresarial competitivo e de assegurar mecanismos transparentes de adjudicação.
Com a TotalEnergies a consolidar-se como operador-âncora do sector energético moçambicano, espera-se uma articulação mais estreita com políticas públicas de desenvolvimento local, para que a retoma não se limite a um exercício técnico-financeiro, mas se traduza em ganhos tangíveis para a economia real.
Estabilidade, Credibilidade e Competitividade
A dimensão do projecto e o histórico de interrupções tornaram-no um barómetro da confiança dos investidores internacionais em Moçambique. A retoma efectiva dependerá não apenas da aprovação governamental, mas também da garantia de segurança em Cabo Delgado e da capacidade institucional de gerir projectos de grande escala com previsibilidade e integridade.
Num contexto global em que o gás natural continua a desempenhar papel estratégico na transição energética, Moçambique posiciona-se como potencial hub regional. Contudo, a concretização desse estatuto exigirá equilíbrio entre as exigências dos investidores e a defesa dos interesses nacionais — um desafio que o caso TotalEnergies torna agora mais visível e urgente.
Fonte: O Económico

 
                                    
