Por: Gentil Abel
O Ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, afirmou na quarta-feira passada que o plano para aquisição de tractores visa facilitar o escoamento da produção agrícola para os centros de comercialização e não o transporte de passageiros.
A declaração do ministro surge após dias de debate público em torno do real propósito da introdução de tractores com atrelados, uma medida que, nos seus primeiros anúncios por entidades estatais, foi associada ao transporte de pessoas em zonas rurais e suburbanas. Essa associação gerou críticas legítimas de vários sectores da sociedade, sobretudo por razões de segurança rodoviária. No entanto, a recente posição do Ministro João Matlombe apresenta uma reorientação do discurso oficial, esclarecendo que o plano visa exclusivamente o apoio à logística agrícola, particularmente no escoamento da produção para os centros de comercialização.
Sendo assim, a posição do ministro é clara, técnica e está alinhada com os objectivos estratégicos do Governo para dinamizar o sector agrícola, melhorar a cadeia de comercialização e reduzir as perdas pós-colheita. O escoamento da produção continua a ser um dos maiores desafios enfrentados pelos pequenos produtores, sobretudo em zonas onde as estradas são precárias e os meios de transporte convencionais escassos ou inexistentes.
Desta feita, acredita-se que aposta em tractores com atrelados visa responder, sobretudo, à necessidade de transporte de bens e não de pessoas. Este gesto reforçará o compromisso do governo com a promoção do agronegócio e da segurança alimentar.
Além disso, do ponto de vista legal e de segurança rodoviária, os tractores não estão homologados para o transporte de pessoas. A sua estrutura, estabilidade e velocidade não oferecem condições mínimas para o transporte humano em vias públicas.
No entanto, o que importa destacar, neste momento, é que o Governo está a tentar responder a uma dor real dos produtores rurais: a dificuldade em levar os seus produtos do campo para os mercados. E essa intervenção pode ser determinante para a criação de rendimento rural, aumento da competitividade do sector agrícola e garantia de abastecimento nas cidades.