Transformação Económica de Moçambique Exige Aceleração das Reformas e Inclusão Sustentada dos Sectores Produtivos

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Os Correios da África do Sul (SAPO) perderam 9,2 mil milhões de rands em valor accionista em três anos e enfrentam agora a falência.

Questões-Chave:

Apesar da retoma do crescimento económico liderado por megaprojectos no sector extractivo, Moçambique continua confrontado com um desafio de base: transformar esse crescimento em desenvolvimento inclusivo e sustentável, integrando a maioria da sua população nos circuitos produtivos e promovendo uma economia diversificada, resiliente e com maior valor acrescentado nacional.

O Country Focus Report 2025 – Mozambique, elaborado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), traça um diagnóstico claro: o crescimento económico não está a gerar transformação estrutural suficiente, e a economia permanece excessivamente dependente de sectores de capital intensivo, com baixa absorção de mão-de-obra e fracas ligações com a economia doméstica.

O sector extractivo, com destaque para o gás natural da Bacia do Rovuma, tem sido o principal motor do crescimento do PIB. Contudo, segundo o AfDB, os efeitos de arrastamento sobre o emprego, rendimento e investimento doméstico continuam limitados, dado o reduzido conteúdo local, a fraca capacidade das PME’s nacionais de integrar cadeias de valor e a persistente dependência de importações.

Agricultura: pilar social e económico ainda negligenciado

A agricultura continua a empregar mais de 70% da população activa moçambicana, mas é caracterizada por produtividade estagnada, forte informalidade, dependência do clima e acesso limitado a insumos, financiamento e extensão agrícola. O AfDB alerta que sem uma revolução agrícola, a economia não conseguirá gerar inclusão social nem segurança alimentar.

As zonas rurais, onde a pobreza é mais profunda, carecem de infra-estruturas básicas, como estradas, sistemas de irrigação, armazenamento e mercados de escoamento. Sem estes activos, os pequenos produtores mantêm-se à margem do crescimento económico.

O relatório recomenda o desenvolvimento de cadeias de valor agrícolas resilientes, integrando tecnologias digitais, extensão rural inteligente, financiamento climático e redes de comercialização.

PME’s e empreendedorismo: motores inibidos pela estrutura económica

As pequenas e médias empresas (PME’s) desempenham um papel crítico na geração de emprego e inovação, mas enfrentam um ambiente de negócios desafiador, com custos de financiamento elevados, acesso limitado a garantias, carga fiscal assimétrica e burocracia administrativa.

O AfDB recomenda reformas coordenadas para melhorar o acesso a crédito, criar zonas industriais acessíveis, facilitar a obtenção de licenças e incentivar a formalização com benefícios fiscais e de capacitação.

O empreendedorismo jovem e feminino, apesar do seu potencial, continua pouco explorado, devido à falta de programas de incubação e mentoria, e à rigidez cultural e institucional. Políticas públicas activas de promoção da juventude produtiva são cruciais para reverter esta tendência.

Inclusão financeira: avanços com assimetrias

Moçambique tem registado progressos na inclusão financeira digital, particularmente através da expansão das carteiras móveis e dos serviços bancários digitais, com destaque para a penetração do M-Pesa. No entanto, subsistem grandes disparidades regionais e de género:

O AfDB encoraja o desenvolvimento de instrumentos de mitigação de risco, como fundos de garantia, microseguros agrícolas e produtos financeiros inclusivos, além da promoção de educação financeira comunitária.

Transformação estrutural: uma agenda inacabada

A transformação económica exige uma mudança estrutural da economia, o que passa por um novo pacto entre o Estado, o sector privado e os actores da sociedade civil. O AfDB defende uma abordagem integrada de políticas públicas, que coordene:

O investimento público deve priorizar infra-estruturas económicas e sociais em zonas desfavorecidas, garantindo mobilidade, conectividade, energia e serviços públicos essenciais para desbloquear o potencial produtivo da população.

Moçambique encontra-se num ponto crítico: ou converte o actual ciclo de crescimento em verdadeira transformação e inclusão, ou corre o risco de aprofundar desigualdades e dependências. A aposta em sectores produtivos de base, nas PME’s e na juventude será determinante para construir uma economia diversificada, resiliente e centrada nas pessoas.

Fonte: O Económico

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