A Bacia do Zambeze, um dos ecossistemas mais vitais de África, está no centro de um novo plano de investimento que visa restaurar florestas, proteger os recursos naturais e fortalecer os meios de subsistência das comunidades locais. Com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e do Fundo de Investimento Climático (CIF), o plano “Natureza, Pessoas e Clima” (NPC) foi recentemente aprovado para impulsionar a resiliência ambiental e socioeconómica da região.
Investimento Estratégico para o Futuro
O CIF aprovou um financiamento de 60,35 milhões de dólares para apoiar dois projectos estratégicos na Bacia do Zambeze. O BAD receberá 38 milhões de dólares para promover um projecto integrado de resiliência climática, segurança alimentar e protecção dos ecossistemas. Adicionalmente, 19 milhões de dólares foram alocados ao Banco Mundial para iniciativas focadas na resiliência comunitária e na gestão sustentável dos ecossistemas no Malawi.
Contudo, a implementação completa do plano requer um investimento adicional de 703,39 milhões de dólares nos próximos cinco anos para desenvolver soluções baseadas na natureza, como a restauração sustentável das florestas e a resiliência dos sistemas agrícolas e das comunidades locais.
Áreas Prioritárias de Intervenção
O plano NPC concentra-se em três áreas estratégicas:
A Bacia do Zambeze, que cobre uma área de 1,39 milhões de quilómetros quadrados e sustenta a vida de cerca de 51 milhões de pessoas, enfrenta desafios crescentes devido à degradação ambiental e à vulnerabilidade climática. O sector agrícola, essencial para a subsistência das comunidades rurais, carece de melhores infra-estruturas de irrigação e de práticas de gestão sustentável da terra para aumentar a sua resiliência.
Compromisso dos Países da Região
O plano NPC foi desenvolvido com o envolvimento dos países da bacia – Malawi, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Zâmbia – e da Comissão do Curso de Água do Zambeze (ZAMCOM), com apoio técnico do BAD e do Banco Mundial. O objectivo é implementar soluções eficazes para mitigar os impactos das alterações climáticas e garantir um futuro sustentável para a região.
O Presidente da ZAMCOM, Carl Schlettwein, sublinhou que o plano representa uma visão transformadora para enfrentar as alterações climáticas, a degradação ambiental e os desafios socioeconómicos da região nos próximos cinco anos.
Anthony Nyong, Director do BAD para as Alterações Climáticas e Crescimento Verde, reforçou o compromisso do banco em colaborar com parceiros para restaurar ecossistemas críticos, proteger a biodiversidade e fortalecer comunidades.
O Secretário Executivo da ZAMCOM, Felix Mosi Ngamlagosi, destacou que esta iniciativa estabelece as bases para soluções baseadas na natureza que ajudarão a mitigar os efeitos das alterações climáticas e das actividades humanas nos recursos naturais.
Impacto e Perspectivas para Moçambique
Para Moçambique, a aprovação do plano NPC representa um avanço significativo no compromisso com a resiliência climática e o desenvolvimento sustentável na Bacia do Zambeze. A iniciativa deverá reforçar a segurança alimentar, apoiar a adaptação às alterações climáticas e melhorar os meios de subsistência das comunidades locais.
Em Dezembro de 2024, o CIF já havia aprovado um investimento de 34,65 milhões de dólares para impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono na Zâmbia, com a expectativa de mobilizar mais de 220 milhões de dólares em co-financiamento para aumentar a produtividade agrícola e proteger as florestas.
Dado que 70% da população da Zâmbia depende da agricultura, as variações climáticas representam um risco crescente para a segurança alimentar. Aumentos na frequência de secas e padrões de precipitação irregulares agravam a insegurança alimentar, reforçando a necessidade de estratégias eficazes para garantir a resiliência do sector agrícola.
Uma Abordagem Integrada para o Desenvolvimento Sustentável
Os planos de investimento na Bacia do Zambeze enfatizam a participação das comunidades, a gestão sustentável da terra e a protecção dos recursos naturais como elementos essenciais para alcançar benefícios ambientais e socioeconómicos a longo prazo. A implementação de soluções baseadas na natureza não só fortalecerá a resiliência climática da região, como também promoverá o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das populações locais.
Com o apoio de parceiros internacionais e o envolvimento activo dos governos da região, a transformação da Bacia do Zambeze poderá servir de modelo para outras regiões africanas que enfrentam desafios semelhantes de adaptação às alterações climáticas e conservação ambiental.
Fonte: O Económico