27.1 C
New York
Wednesday, October 1, 2025
InícioEconomiaTransporte Marítimo Enfrenta Pressões de Custos, Minerais Críticos e Transição Ambiental

Transporte Marítimo Enfrenta Pressões de Custos, Minerais Críticos e Transição Ambiental

O transporte marítimo global encontra-se num ponto de inflexão. A desaceleração do comércio, a volatilidade dos custos logísticos, a crescente dependência de minerais críticos e a pressão regulatória da transição ambiental estão a remodelar um sector que movimenta mais de 80% do comércio mundial. O Review of Maritime Transport 2025, da UNCTAD, adverte que os próximos anos exigirão investimentos maciços, coordenação regulatória e inovação tecnológica.

Comércio e fretes: custos em alta e incerteza persistente
O comércio marítimo em toneladas cresceu 2,2% em 2024, mas deverá expandir apenas 0,5% em 2025. Esta desaceleração contrasta com a forte expansão em ton-milhas (+5,9%), explicada pelo desvio de milhares de navios para o Cabo da Boa Esperança, em resposta à insegurança no Mar Vermelho e no Estreito de Ormuz. A consequência imediata foi um aumento médio de 8,5% nas distâncias percorridas, o que se traduziu em custos de combustível mais elevados, prémios de seguro mais caros e prazos de entrega mais longos.

Os fretes continuaram voláteis: o Shanghai Containerized Freight Index (SCFI) fechou 2024 em 2.496 pontos, mais 149% face a 2023, sinalizando que o transporte de contentores permanece estruturalmente caro, mesmo após o fim dos bloqueios pandémicos. Para países importadores líquidos de alimentos e combustíveis, sobretudo nos PMA, esta dinâmica agrava défices externos e pressiona a inflação.

Minerais críticos e cadeias logísticas: novas rotas do crescimento
A procura global por minerais críticos – cobre, lítio e cobalto – deverá multiplicar-se nas próximas duas décadas, impulsionada pela transição energética e pela produção de baterias e painéis solares. O relatório alerta que as cadeias de fornecimento destes minerais estão excessivamente concentradas em poucos corredores (América Latina–China, África Austral–Ásia), aumentando riscos de disrupção e volatilidade de preços.

Para países produtores como Moçambique, a UNCTAD sublinha a oportunidade de promover políticas de beneficiação local e de atrair investimento para parques industriais ligados à extracção mineral. Esta tendência, porém, exigirá investimentos logísticos robustos: portos adaptados para cargas a granel de alto valor, corredores ferroviários resilientes e sistemas aduaneiros mais ágeis.

Frota global e transição ambiental: ambição vs realidade
Em Janeiro de 2025, a frota mundial contava 112.500 embarcações activas, com capacidade de 2,44 mil milhões de toneladas de porte bruto (DWT). Contudo, apenas 8% da frota está preparada para operar com combustíveis alternativos, como GNL, metanol ou amónia. Em contrapartida, 53% das novas encomendas de navios já incorporam esta tecnologia, revelando que a transição está em marcha, embora num ritmo insuficiente para cumprir as metas climáticas.

O desafio não é apenas tecnológico, mas também económico: a adaptação para combustíveis alternativos implica custos mais elevados e depende de infra-estruturas de bunkering que existem actualmente em apenas 200 portos do mundo. A lacuna entre ambição e realidade pode limitar a velocidade da descarbonização.

Regulação ambiental: o impacto do Net-Zero Framework
A Organização Marítima Internacional (IMO) prepara para Outubro de 2025 a aprovação do Net-Zero Framework, um pacote que inclui:

A União Europeia já avançou com a inclusão do transporte marítimo no seu sistema de comércio de emissões, impactando directamente os custos de armadores que operam em rotas para portos europeus. Isto reforça a necessidade de países africanos ajustarem as suas políticas portuárias e comerciais para manter competitividade.


A UNCTAD alerta que o sector marítimo está a viver uma “tempestade perfeita”: custos voláteis, novas pressões logísticas e um quadro regulatório mais exigente. Para os países em desenvolvimento, a resposta passa por investir em corredores logísticos mais resilientes, apostar na industrialização ligada aos minerais críticos e preparar os portos para a transição energética.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

“TOUROS” PRESSIONADOS A VENCER “BAIANOS”

0
A Associação Black Bulls (ABB) recebe esta tarde o Baía de Pemba FC, em jogo de acerto de calendário referente à 15.ª jornada do Moçambola-2025,...
- Advertisment -spot_img