Por: Alfredo Júnior
A mobilidade urbana em Moçambique, particularmente nos grandes centros como Maputo, continua a ser um dos maiores desafios enfrentados pelos cidadãos. Entre o trânsito caótico e a constante disputa por espaço nas estradas, destacam-se os transportes públicos como protagonistas de uma verdadeira desordem que se vive diariamente.
Os chamados “chapas”, que deviam ser uma solução acessível e segura, tornaram-se símbolos de indisciplina e desrespeito, os motoristas conduzem de forma agressiva, muitas vezes ignorando as regras básicas de trânsito. Ultrapassagens perigosas, paragens em locais impróprios, excesso de lotação e más condições mecânicas são apenas alguns dos problemas visíveis.
Para além do comportamento dos transportadores, há ainda a actuação da polícia municipal, que em muitos casos limita-se a fiscalizações que resultam apenas em cobranças informais. A segurança e a ordem parecem ficar em segundo plano, enquanto os agentes concentram-se mais em obter “algum” do que em aplicar a lei.
Esta realidade tem custos elevados para os cidadãos. Além dos riscos de acidentes, que são frequentes, há também os atrasos, a perda de produtividade e a constante frustração de quem depende diariamente destes serviços. A falta de um sistema de transporte público eficiente, moderno e bem regulado contribui para o agravamento do problema.
É necessário um esforço sério por parte das autoridades para reformar o sistema. Isso inclui o reforço na fiscalização, a implementação de penalizações reais para condutores infractores, a renovação da frota e a formação contínua dos motoristas. A mobilidade urbana deve ser pensada com base na dignidade, segurança e eficiência.
Enquanto isso não acontece, os cidadãos continuam a ser vítimas de um sistema que, ao invés de facilitar a vida, só complica. A cidade não pode continuar a ser um espaço onde reina a impunidade e a desorganização, principalmente quando se trata de um serviço essencial como o transporte público.