Tribunal de Cabo Delgado vende bens de uma empresa após queixa dos funcionários

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O Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado está a vender os bens da Plexus Mozambique Limitada, uma empresa de exportação de algodão. A decisão foi tomada depois de uma queixa feita pelos trabalhadores e produtores de algodão

O anúncio da venda em hasta pública dos bens da Plexus Mozambique Lda foi oficialmente publicado no dia 25 de Julho último e prevê colectar cerca de 200 milhões de meticais. O anúncio foi feito através de um documento do tribunal, que anuncia esta terça-feira como o dia da venda.

“No dia 5 de Agosto de 2025, pelas 9 horas, serão vendidos em praça pública, pela primeira vez, os bens da  Plexus Mozambique Limitada, através de uma proposta de cartas fechadas, ao maior lance dos valores indicados pelo Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, nos autos da acção especial de insolvência da empresa”, revela o anúncio do Tribunal Judicial de Cabo Delgado.

A insolvência da Plexus Mozambique Limitada é resultado de uma queixa remetida pelos trabalhadores da empresa e pelos produtores de algodão que há quase quatro anos aguardam o desfecho do caso.

“Primeira coisa é a sequência social. Segunda coisa são salários atrasados e, em terceiro lugar, as indemnizações”, conta Tarçai Selemane, representante dos trabalhadores da Plexus Mozambique Limitada.

Por outro lado, Felisberto Capota, presidente do FOPA, diz que há regionalismo no seio da empresa. “Temos aproximadamente 390 produtores não pagos, aliás 3 mil produtores não pagos, e a dívida oscila aos setenta e oito mil e oitocentos meticais (78 800mt), aproximadamente”, disse.

Os produtores de algodão estão mais preocupados com a recuperação da empresa do que com as dívidas, mas a maior parte dos trabalhadores já perderam a esperança da reabertura da empresa e só esperam justiça.

“Nós até estamos quase a esquecer essa dívida, porque nós, se tivéssemos produção constante, havíamos de esquecer. Mesmo que a Plexus estivesse aqui a fazer fomento, para nós era mais ideal, porque eles podiam conseguir-nos pagar. O problema é que eles, quando tiveram essa dívida, fugiram. Esse é o problema”, sentencia Felisberto Capota.

Já o representante dos trabalhadores da Plexus Mozambique Limitada, Tarçai Selemane, diz que já há uma decisão tomada em caso de não haver pagamento dos salários em atraso, nomeadamente o confisco dos bens da empresa.

“Se não formos pagos absolutamente nada, confesso, em nome dos trabalhadores, as propriedades da empresa vamos tomar conta. Cada um vai ficar com a parte dele”, afirma.

A insolvência da Plexus Mozambique Limitada é vista como o princípio do fim da era do algodão em Cabo Delgado, uma vez que entre os bens a venda constam a fábrica de Montepuez e várias infra-estruturas da maior empresa de ouro branco que operou na província por quase um século.

 

Fonte: O País

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