Resumo
O Zimbabwe enfrenta escassez de energia, produzindo apenas metade da sua procura elétrica de 2.000 MW. A modernização da central térmica de Hwange irá adicionar 400 MW à rede, enquanto a seca limita a produção da hidroelétrica de Kariba. O défice energético afeta a atividade económica e o ambiente de negócios. O país investe na reabilitação de centrais existentes e na diversificação da matriz energética para reduzir os cortes de eletricidade. A seca reduziu a produção de Kariba, expondo a dependência da hidroeletricidade. Para mitigar este risco, o Governo está a reforçar a capacidade térmica, com destaque para a central de Hwange. Um projeto de modernização, com um investimento de 455 milhões de dólares, acrescentará 400 MW à rede nos próximos quatro anos. As obras começarão no primeiro trimestre de 2026.
– Zimbabwe continua a satisfazer apenas cerca de metade da sua procura eléctrica estimada em 2.000 MW;
– Modernização da central térmica de Hwange deverá acrescentar 400 MW à rede;
– Seca limita produção da hidroeléctrica de Kariba e expõe vulnerabilidade do sistema;
– Défice energético tem impacto directo na actividade económica e no ambiente de negócios.
O Zimbabwe está a intensificar os esforços para colmatar o seu défice energético estrutural, através de investimentos na reabilitação de centrais existentes e da diversificação da matriz de produção, numa tentativa de reduzir os cortes prolongados de electricidade que continuam a penalizar a actividade económica, a indústria e a mineração.
A escassez de energia tem sido agravada por secas recorrentes, que reduziram significativamente a produção da hidroeléctrica de Kariba, um dos principais pilares do sistema eléctrico do país. Apesar de Kariba dispor de uma capacidade instalada de cerca de 1.050 MW, os baixos níveis de água no lago têm imposto limitações severas à geração, expondo a elevada dependência da hidroeletricidade num contexto de maior volatilidade climática.
Para mitigar este risco, o Governo tem vindo a apostar no reforço da capacidade térmica, com destaque para a central de Hwange, a maior do país. Um projecto recentemente aprovado prevê um investimento de cerca de 455 milhões de dólares na modernização de unidades antigas da central, num acordo de concessão com duração de 15 anos, que deverá permitir acrescentar 400 MW à rede eléctrica ao longo dos próximos quatro anos. As obras deverão arrancar no primeiro trimestre de 2026.
Actualmente, Hwange possui uma capacidade instalada de 1.520 MW, tendo beneficiado em 2023 da entrada em operação de duas novas unidades que adicionaram 600 MW. No entanto, várias unidades mais antigas, construídas na década de 1980, continuam a operar muito abaixo da sua capacidade, devido a avarias recorrentes e degradação técnica, o que tem limitado o contributo efectivo da central para o sistema.
O reforço da produção térmica surge, assim, como uma resposta pragmática para garantir maior estabilidade da oferta, num sistema exposto tanto a constrangimentos climáticos como a limitações financeiras. A adição prevista de 400 MW corresponde a cerca de um quinto da procura eléctrica actual do país e é vista como um potencial alívio para os cortes de energia que afectam sectores estratégicos como a mineração, a indústria transformadora e a agricultura irrigada.
Do ponto de vista económico, a melhoria da disponibilidade de electricidade é considerada essencial para reduzir perdas de produtividade, melhorar o ambiente de negócios e criar condições mais favoráveis à captação de investimento privado. O défice energético tem sido identificado como um dos principais entraves ao crescimento económico do Zimbabwe, com impactos directos sobre custos operacionais e previsibilidade da actividade empresarial.
No plano regional, o reforço da capacidade interna poderá também reduzir a dependência do Zimbabwe de importações de electricidade no âmbito do Southern African Power Pool (SAPP), onde o país tem recorrido frequentemente a compras de energia para colmatar défices de curto prazo. Esta evolução poderá contribuir para uma maior estabilidade do mercado energético da África Austral, com implicações para países vizinhos, incluindo Moçambique, um dos principais fornecedores regionais de electricidade.
Apesar destes avanços, analistas sublinham que os resultados dependerão da execução efectiva dos projectos, da sustentabilidade financeira das empresas do sector eléctrico e da capacidade de integrar estes investimentos numa estratégia energética de médio e longo prazo. Num contexto de procura crescente e maior pressão climática, os esforços em curso ilustram a urgência de soluções estruturais para garantir segurança energética e estabilidade económica no Zimbabwe.
Fonte: O Económico






