O ouro recuou esta sexta-feira nos mercados internacionais, penalizado pela valorização do dólar norte-americano e pela expectativa em torno do aguardado discurso de Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, no simpósio anual de Jackson Hole.
O preço do ouro no mercado à vista caiu 0,3%, para 3.329,19 dólares por onça, enquanto os contratos futuros para Dezembro recuaram na mesma proporção, fixando-se em 3.372,10 dólares. A pressão veio do dólar, cujo índice (DXY) manteve-se próximo de máximos de duas semanas, tornando o metal menos atractivo para investidores fora dos EUA.
As atenções concentram-se agora no discurso de Powell, agendado para as 14h00 GMT, que poderá oferecer novas pistas sobre a trajectória da política monetária norte-americana. Apesar da crescente fragilidade no mercado laboral — com pedidos semanais de subsídio de desemprego a atingirem máximos de três meses e o desemprego em níveis não vistos há quase quatro anos — a inflação mantém-se acima da meta de 2% da Fed. Esse dilema alimenta a incerteza sobre se haverá cortes já em Setembro.
Segundo a ferramenta CME FedWatch, o mercado atribui uma probabilidade de 75% a uma redução de 25 pontos base na próxima reunião. Contudo, analistas como Tim Waterer (KCM Trade) sublinham que o ouro pode recuperar caso Powell sinalize uma postura mais dovish: “Se a mensagem for interpretada como de afrouxamento monetário, o dólar poderá perder força e o ouro voltará a ganhar tracção”.
No contexto geopolítico, a guerra Rússia–Ucrânia continua a ser um factor de incerteza, com exigências rígidas de Moscovo e a ausência de avanços concretos para um cessar-fogo. Esse pano de fundo reforça o estatuto do ouro como activo de refúgio, mesmo com oscilações de curto prazo.
Entre outros metais preciosos, a prata recuou 0,4% para 38,01 dólares por onça, a platina caiu 0,6% para 1.345,06 dólares, enquanto o paládio subiu ligeiramente 0,2% para 1.113,19 dólares.
Assim, os mercados de metais preciosos permanecem altamente sensíveis ao binómio Fed–dólar e às incertezas geopolíticas, num momento em que investidores procuram calibrar riscos e oportunidades.
Fonte: O Económico