ONU: ataques a escolas em zonas de conflito aumentam 44% num ano

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Meninos brincam em meio às ruínas de uma escola em Kharkiv, Ucrânia

Um relatório apresentado nas Nações Unidas indica que ataques a escolas aumentaram 44% no ano passado.

As áreas mais afetadas incluem Israel e Territórios Palestinos, assim como República Democrática do Congo, Somália, Nigéria e Haiti.

Escalada de violência

Para o secretário-geral, António Guterres, “cada violação traz consequências profundas, não apenas para professores e alunos, mas para o futuro de comunidades e países inteiros.”  Segundo ele, “nenhuma criança deve arriscar a vida para aprender.”

De acordo com o Relatório Anual da ONU sobre Crianças e Conflitos Armados de 2024, além da explosão de ataques a escolas, verificou-se um aumento de 34% nos casos de violação e outras formas de violência sexual a crianças.

No total, as chamadas violações graves contra menores cresceram 17%, incluindo rapto, recrutamento forçado e outras formas de brutalidade.

O braço de uma menina de oito anos foi amputado depois que sua escola foi alvo de um ataque aéreo em Gaza
© Unicef/Mohammed Nateel

O braço de uma menina de oito anos foi amputado depois que sua escola foi alvo de um ataque aéreo em Gaza

Gaza: salas de aula transformadas em abrigos

Na Faixa de Gaza, por exemplo, devastada pela guerra há dois anos, mais de 2,3 milhões de pessoas foram deslocadas e 660 mil crianças continuam fora das salas de aula. Muitas instalações foram convertidas em abrigos.

Apesar das dificuldades, 68 mil crianças receberam apoio em espaços temporários de aprendizagem, que oferecem ensino e acompanhamento psicossocial. O Unicef também tem reciclado contêineres e caixas de fornecimento para criar mobiliário escolar improvisado.

Ucrânia: milhões ainda em risco

Na Ucrânia, 5,3 milhões de crianças enfrentam barreiras à educação e cerca de 115 mil estão completamente fora da escola devido à guerra.

O especialista do Unicef, Nelson Rodrigues, declarou que “desde o início do conflito, 1.850 estabelecimentos foram danificados”. Atualmente, 420 mil crianças estudam totalmente online e cerca de um milhão seguem um modelo híbrido.

O Unicef já apoiou a reabilitação de 57 mil instalações escolares afetadas, permitindo que milhares de estudantes regressassem às aulas. Além disso, programas de ensino de recuperação e apoio pedagógico têm ajudado crianças a compensar as perdas de aprendizagem.

Consequências do ataque aéreo israelense de 6 de maio a uma escola da Unrwa transformada em abrigo em Al Bureij, Gaza, onde 30 pessoas foram mortas, entre elas mulheres e crianças
UNRWA

Consequências do ataque aéreo israelense de 6 de maio a uma escola da Unrwa transformada em abrigo em Al Bureij, Gaza, onde 30 pessoas foram mortas, entre elas mulheres e crianças

Escolas como espaços de proteção

A ONU recorda que, ao abrigo do direito internacional, as escolas devem ser respeitadas como lugares seguros, e os responsáveis por ataques devem ser responsabilizados.

O líder das Nações Unidas, António Guterres, acredita que o livro, a caneta e a sala de aula são mais poderosos do que a espada. E cada criança deve aprender em segurança e paz.

Fonte: ONU