Pelo menos 10 professores foram mortos em oito anos de insurgência armada na província de Cabo Delgado, segundo estimativa apresentada nesta terça-feira pela Organização Nacional dos Professores (ONP).
“A estatística nos confirma dez professores mortos por insurgência no período em referência”, disse à Lusa Teodoro Muidumbe, secretário-geral da ONP, organização sindical que representa a classe no país.
Entretanto, a Secretária Provincial da Organização Nacional dos Professores (ONP) de Cabo Delgado, Dinita Dinís, disse que foram 16 os professores que morreram vítimas do terrorismo em Cabo Delgado.
“Desde o ano de 2017 a província foi assolada pelos ataques terroristas destes malfeitores que culminaram com a morte de 16 professores”, confirmou, apelando para que a data em que se comemora a classe sirva de referência para as autoridades reflectirem em relação à qualidade de ensino e aprendizagem, para além de “condições de trabalho e valorização da figura do professor”.
Durante a recepção da saudação pelo Dia Nacional do Professor, na segunda-feira, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, prestou uma homenagem “especial” aos professores e profissionais da educação, nomeadamente naquela província, que, mesmo em situações “adversas”, impostas pelos ataques terroristas em Cabo Delgado, doenças e fenómenos climáticos extremos, “sempre encontram alternativas para garantir que o processo de ensino-aprendizagem não pare”.
Em Setembro, a Associação Nacional dos Professores de Moçambique (ANAPRO) repudiou os actos “bárbaros e inaceitáveis” em alegados ataques rebeldes registados em Cabo Delgado, norte do país, com a confirmação da morte de um membro da classe.
“Repudiamos reiteradamente os atos bárbaros e inaceitáveis que atentam contra a dignidade humana e que estão contra um direito fundamental à vida”, referia-se num comunicado da ANAPRO.
Nas celebrações do dia na província de Cabo Delgado, nesta segunda-feira, alguns professores disseram que apesar da falta das condições de segurança em quase todos dos distritos afectados pela insurgência, casos de Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia e Palma, muitas vezes são obrigados a regressar aos seus postos de trabalho, mesmo quando as autoridades têm conhecimento de que a situação de segurança continua instável.
Na ocasião, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, reafirmou que o Governo está a trabalhar para garantir que os professores possam exercer as suas funções com mérito e com segurança.
Já o Secretariado Distrital da Organização Nacional dos Professores (ONP) em Meconta lançou um forte apelo aos protagonistas da violência em Cabo Delgado para que ponham fim às hostilidades, de modo a permitir que milhares de crianças regressem às salas de aula e que os docentes exerçam a sua missão sem intimidação.
“A guerra rouba o futuro das crianças. Sem escolas seguras não há desenvolvimento”, sublinhou o secretariado num comunicado.
Os professores reafirmaram que a paz é condição essencial para a reinvenção da educação em Moçambique.
Fonte: O País