Resumo
A Agência Internacional de Energia prevê que a procura mundial de carvão atinja um ponto de estabilização antes de iniciar um ligeiro declínio até ao final da década, devido à concorrência das renováveis, do gás natural e da energia nuclear. A procura global de carvão atingiu um ponto de estabilização e poderá começar a diminuir até 2030, segundo o relatório Coal 2025 da IEA. O setor elétrico, responsável por dois terços do consumo global de carvão, é apontado como o principal impulsionador da mudança estrutural, com a expansão das energias renováveis, o crescimento da energia nuclear e a entrada de gás natural liquefeito no mercado a reduzirem o uso de carvão na produção de eletricidade a partir de 2026. A China, maior consumidora mundial de carvão, continuará a ser determinante na trajetória global, com uma ligeira diminuição na procura até ao final da década.
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p style="margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial">A Agência Internacional de Energia prevê que a procura mundial de carvão atinja um ponto de estabilização antes de iniciar um ligeiro declínio até ao final da década, num contexto de crescente concorrência das renováveis, do gás natural e da energia nuclear.
Um Ponto de Inflexão no Mercado Global de Carvão
A procura global de carvão atingiu um ponto de estabilização e poderá iniciar um ligeiro declínio até 2030, segundo o relatório Coal 2025, publicado pela Agência Internacional de Energia (IEA). De acordo com o documento, a procura mundial deverá crescer marginalmente em 2025, cerca de 0,5%, atingindo um máximo histórico de 8,85 mil milhões de toneladas, antes de começar a recuar gradualmente ao longo da década.
Este comportamento marca uma inflexão relevante num mercado que, durante décadas, foi central no sistema energético global, mas que enfrenta agora uma concorrência crescente de outras fontes de energia.
Electricidade no Centro da Mudança Estrutural
O sector eléctrico, responsável por cerca de dois terços do consumo global de carvão, é apontado pela IEA como o principal motor da mudança estrutural. A rápida expansão da capacidade de energias renováveis, o crescimento sustentado da energia nuclear e a entrada no mercado de uma nova vaga de gás natural liquefeito (GNL) deverão reduzir progressivamente a utilização do carvão na produção de electricidade a partir de 2026.
Em contrapartida, a procura de carvão por parte da indústria deverá revelar-se mais resiliente, atenuando parcialmente o declínio no sector eléctrico.
China: O Factor Determinante
A China, responsável por mais de metade do consumo mundial de carvão, continua a ser o principal determinante da trajectória global. Segundo a IEA, a procura chinesa deverá diminuir ligeiramente até ao final da década, à medida que o país acelera a incorporação de energias renováveis e se aproxima do objectivo governamental de atingir o pico do consumo doméstico de carvão até 2030.
Ainda assim, a agência alerta para múltiplas incertezas, incluindo o ritmo do crescimento económico, a evolução da procura de electricidade, as condições climáticas e as opções de política energética, factores que poderão alterar significativamente este cenário.
Índia e Sudeste Asiático Seguem Trajectória Distinta
Ao contrário da tendência global, a Índia deverá registar o maior aumento absoluto do consumo de carvão até 2030, com um crescimento médio anual de cerca de 3%, traduzindo-se num acréscimo superior a 200 milhões de toneladas. O crescimento mais rápido está previsto para o Sudeste Asiático, onde a procura poderá aumentar mais de 4% ao ano.
Estas dinâmicas reflectem necessidades energéticas crescentes, associadas à industrialização, urbanização e expansão demográfica, num contexto em que a substituição do carvão por fontes alternativas ocorre a um ritmo mais lento.
Comércio Internacional em Recuo
O relatório da IEA antecipa igualmente uma redução do comércio internacional de carvão até 2030. Após anos em que a procura chinesa compensou a quebra das importações na União Europeia, Japão e Coreia do Sul, a China começou a reduzir as suas importações em 2025, devido a excesso de oferta e procura interna moderada.
Este ajustamento deverá afectar particularmente grandes exportadores, como a Indonésia, enquanto o carvão metalúrgico apresenta perspectivas mais favoráveis, impulsionado pela forte dependência da Índia para sustentar o crescimento da sua indústria siderúrgica.
Produção Sob Pressão e Margens em Queda
Num cenário de procura moderada, níveis elevados de stocks e preços mais baixos, a IEA prevê que a produção de carvão decline na maioria dos grandes países produtores ao longo da década. A China e a Indonésia deverão registar reduções, enquanto a Índia surge como excepção, com aumento da produção doméstica para reduzir a dependência de importações.
Keisuke Sadamori, Director de Mercados de Energia e Segurança da IEA, sublinha que, apesar de tendências atípicas observadas em 2025, a trajectória de médio prazo mantém-se: a procura global de carvão deverá estabilizar antes de iniciar um declínio gradual até 2030, ainda que sujeita a elevados níveis de incerteza.
Transição Energética com Ritmos Diferenciados
O relatório confirma que a transição energética global não ocorre de forma homogénea. Enquanto economias avançadas aceleram a substituição do carvão, várias economias emergentes continuam a depender desta fonte para sustentar o crescimento económico.
Neste contexto, o carvão perde gradualmente centralidade no sistema energético global, mas permanece um elemento relevante em determinadas regiões, num processo de transição marcado por assimetrias, desafios estruturais e escolhas políticas determinantes.
Fonte: O Económico






