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A EN1 Continua em Espera

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Por: Alfredo Júnior

A Estrada Nacional Número 1 (EN1), que atravessa o país de sul a norte, permanece num estado de degradação visível, apesar de promessas e esforços técnicos que apontam para a sua reabilitação, com mais de 2.600 quilómetros, esta via representa a principal ligação terrestre entre as regiões moçambicanas e é considerada uma infraestrutura estratégica para o transporte, comércio e circulação de pessoas.

Nos últimos anos, o tema da EN1 tem ocupado espaço no debate público, sobretudo devido à sua importância na vida económica e social do país, a circulação por esta via tornou-se difícil e, em alguns troços, quase impraticável, buracos extensos, pontes em risco, sinalização deficiente e desgaste contínuo do pavimento colocam em causa a segurança dos utentes, aumentam os custos logísticos e comprometem o acesso a bens e serviços em zonas remotas.

A boa notícia é que parte do financiamento para a sua reabilitação já foi mobilizado. O Governo anunciou a disponibilização de cerca de 1,1 mil milhões de dólares, como parte de um pacote total de 3,5 mil milhões previstos para o projeto completo. Desse montante, destaca-se o apoio de parceiros como o Banco Mundial, que garantiu 400 milhões de dólares para uma primeira fase que cobre mais de 500 quilómetros, e o apoio da China, com 150 milhões de dólares destinados à zona entre Marracuene e Xai-Xai.

Apesar desses avanços financeiros, a intervenção física ainda não teve início, vários concursos públicos foram lançados ao longo de 2023 e 2024, mas não há, até ao momento, datas concretas para o arranque das obras. Segundo explicações disponíveis, a demora prende-se com a complexidade técnica do processo, a necessidade de cumprir requisitos ambientais e sociais impostos pelos financiadores e a coordenação entre diferentes entidades envolvidas. Está previsto que o projeto decorra em fases, com dois anos de obras e oito anos de manutenção contínua.

Enquanto isso, a população continua a conviver com os efeitos da inércia. Os utentes da estrada enfrentam viagens longas e perigosas, os transportadores veem os seus custos operacionais aumentar e os agricultores têm dificuldade em escoar os seus produtos para os mercados urbanos. Em certas localidades, sobretudo nas épocas de chuva, o isolamento é quase total, afetando o acesso a hospitais, escolas e outros serviços básicos.

A reabilitação da EN1 representa mais do que uma obra pública, trata-se de um compromisso com a coesão nacional, a segurança redoviária e o desenvolvimento equilibrado das províncias. Com o financiamento assegurado e os estudos técnicos em fase adiantada, cresce a expectativa por um calendário de execução claro. Sem esse calendário, as boas intenções continuarão a gerar frustração, e a estrada que deveria unir o país continuará a separar, pela força das crateras que nela se multiplicam.

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