Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, a decisão, caso confirmada, representará um “momento histórico”.
Reconhecimento do papel da Fiocruz
O objetivo é garantir que o mundo responda à próxima pandemia de forma mais justa e eficiente, para não repetir desigualdades e falhas ocorrida na crise da Covid-19.
Ao falar das lições aprendidas, o líder da OMS reconheceu o papel importante da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, do Brasil.
Ele agradeceu à instituição pela parceria e ofereceu “calorosos parabéns pelo 125º aniversário”.
A Fiocruz lidera um dos Consórcios Colaborativos de Pesquisa Aberta criados pela OMS para investigar a fundo 12 famílias de patógenos com potencial pandêmico. O esforço envolve mais de 5 mil cientistas que buscam desenvolver novas ferramentas médicas.
Colaboração para enfrentar ameaças comuns
Outras ações da OMS incluem a Rede Internacional de Vigilância de Patógenos, que envolve 350 organizações em 100 países, o Programa de Transferência de Tecnologia de mRNA, sediado na África do Sul, com uma rede de 15 países parceiros, e o Corpo Global de Emergência em Saúde, que reúne mais de 350 especialistas de 15 países.
Essas iniciativas serão fortalecidas e complementadas por outras ações previstas no Acordo Pandêmico, como um Sistema de Acesso a Patógenos e Compartilhamento de Benefícios, uma Rede Global de Abastecimento e Logística; além de incentivos para diversificação regional da produção de vacinas, medicamentos e diagnósticos.
Tedros relatou que quando os países chegaram a um consenso sobre o texto do acordo, em 16 de abril, a sala de negociações foi tomada por uma “mistura de emoções de alegria, triunfo, alívio e exaustão”.
Este será o segundo acordo vinculante da história da OMS. O primeiro foi a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que após 20 anos em vigor contribuiu para a queda de um terço na prevalência do tabagismo em todo o mundo.
Redução do tabagismo no mundo
Com isso, mundo tem 300 milhões de fumantes a menos hoje.
A cada ano, a OMS apoia mais países na implementação de medidas baseadas em evidências para combater o tabagismo.
No ano passado, a agência apoiou mais de 9 mil produtores de tabaco no Quênia e na Zâmbia a abandonar o cultivo e transicionar para o plantio de grãos ricos em ferro.
Tedros lembrou que a missão da OMS é promover a saúde e prevenir doenças, abordando suas causas “no ar que as pessoas respiram, nos alimentos que comem, na água que bebem, nas estradas que usam e nas condições em que vivem e trabalham”.
Crise de financiamento na OMS
Outros temas de destaque na assembleia Mundial de Saúde serão a correlação entre mudança climática e surtos de doenças, saúde materna e neonatal, doenças crônicas não transmissíveis e avanços em Cobertura Universal de Saúde.
O chefe da OMS também ressaltou que a agência vive uma crise de financiamento e está realizando cortes em diversas áreas, incluindo a redução do número de departamentos de 76 para 34.
Ele enfatizou que a organização “simplesmente não pode fazer tudo o que os Estados-membros lhe pediram com os recursos disponíveis”.
Durante a Assembleia, os países analisarão um orçamento reduzido de US$ 4,2 bilhões para o biênio 2026-2027. Isso representa uma redução de 21% em relação ao orçamento original proposto, de US$ 5,3 bilhões.
Importância da proteção contra “inimigos invisíveis”
Tedros afirmou que para uma organização que trabalha no terreno em 150 países, com mandatos amplos, US$ 2,1 bilhões por ano “não é ambicioso, é extremamente modesto”. Ele lembrou que isso equivale ao que é gasto em apenas 8 horas no setor militar.
O líder da OMS adicionou que os países gastam grandes somas se protegendo de ataques de outros países, mas relativamente pouco se protegendo de um “inimigo invisível” que pode causar muito mais danos, como um vírus.
Nesse sentido, ele enfatizou que a pandemia de Covid-19 causou um prejuízo de US$ 10 trilhões ne economia global e matou um número estimado de 20 milhões de pessoas, muito mais do que qualquer guerra recente.
Fonte: ONU