África do Sul Contesta Tarifa de 30% Imposta por Trump: “Baseia-se Numa Visão Comercial Imprecisa”

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Tarifa “Recíproca” de Trump é Rejeitada Por Pretória

A imposição de uma tarifa de 30% sobre produtos sul-africanos, anunciada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump e com entrada em vigor prevista para 1 de Agosto, está a ser duramente contestada pelo Governo de Pretória. O presidente Cyril Ramaphosa rejeitou publicamente a medida, classificando-a como baseada numa leitura errada do perfil comercial entre os dois países.

Segundo Ramaphosa, 77% dos produtos provenientes dos Estados Unidos entram no mercado sul-africano isentos de tarifas, e a taxa média de imposto aplicada pela África do Sul situa-se nos 7,6%. Por isso, a medida é considerada desproporcional, injustificada e potencialmente danosa para sectores estratégicos da economia sul-africana.

 

Impacto Sobre Agricultura, Vinho e Indústria Transformadora

O Ministro da Agricultura, John Steenhuisen, juntamente com representantes do sector privado, manifestou forte preocupação quanto aos impactos sobre as exportações agroalimentares. Os produtores de vinho, citrinos e frutas tropicais alertaram para perdas imediatas de quota de mercado face a concorrentes como o Chile e o Peru, especialmente no mercado norte-americano.

A Agri SA, uma das principais organizações agrícolas do país, alertou para consequências sobre a cadeia de valor agrícola, incluindo sectores como o couro de avestruz e frutos secos. A diversificação de mercados e ajustamentos de preços são considerados inevitáveis, mas não suficientes para compensar a escala e velocidade do impacto esperado.

Encontros Diplomáticos e Tensões Não Resolvidas

O episódio adensa as tensões comerciais entre os EUA e a África do Sul, num contexto em que ambas as partes ainda não fecharam um acordo comercial formal, apesar de negociações em curso desde Maio. As conversações foram iniciadas após um encontro entre Trump e Ramaphosa na Casa Branca, onde também surgiram alegações polémicas por parte do ex-presidente norte-americano sobre a situação interna sul-africana.

No mês passado, as negociações foram retomadas à margem da cimeira EUA–África em Angola, mas persistem divergências quanto às exigências da administração norte-americana, tidas como excessivamente “ambiciosas” para as capacidades e interesses sul-africanos.

Contexto Global e Implicações para o Sul Global

A medida de Trump, que se insere numa escalada mais ampla de imposições tarifárias sobre países do BRICS e de outras economias emergentes, levanta preocupações sobre o retorno a políticas de unilateralismo económico e proteccionismo agressivo. Os impactos poderão ir além da África do Sul, afectando também cadeias de valor regionais, incluindo países da SADC e parceiros comerciais interligados via acordos regionais.

Num momento em que muitas economias do Sul Global tentam reconstruir-se após os choques da pandemia e da inflação global, a aplicação de tarifas elevadas por parte dos EUA representa um desafio acrescido à estabilidade do comércio internacional e ao

A contestação da África do Sul à tarifa de 30% imposta por Trump sublinha a fragilidade das relações comerciais assimétricas e a urgência de reformar os mecanismos de negociação multilateral. Para Pretória, trata-se de defender o interesse nacional e a viabilidade das suas exportações; para Washington, parece ser mais uma jogada no xadrez da política interna e de afirmação global. Seja qual for o desfecho, os efeitos desta disputa serão sentidos muito além das alfândegas.

Fonte: O Económico

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