O Africa50 anunciou um pacote de financiamento estratégico para Moçambique, que inclui a construção de três linhas de transporte de energia de alta tensão — duas de 400 kV e uma de 220 kV — e um centro de dados moderno com capacidade inicial de 5 MW, expansível até 10 MW. As novas infra-estruturas visam não apenas reforçar a rede eléctrica nacional e as interligações regionais, como também acelerar a transição digital e diversificação económica do país.
Segundo informações apresentadas durante a Assembleia Geral do Africa50, realizada em Maputo, os projectos energéticos abrangem a linha de transporte de 400 kV Mphanda Nkuwa – Vilanculos, com cerca de 340 km de extensão, concebida para evacuar a energia produzida pela futura central de Mphanda Nkuwa e reforçar o fornecimento ao sul de Moçambique e à rede da SADC. Esta ligação permitirá a integração directa no Southern African Power Pool (SAPP), aumentando a capacidade de exportação e estabilizando a oferta interna.
Inclui-se ainda a linha de transporte de 400 kV Chimuara – Alto Molócuè, com uma extensão estimada em 120 km na primeira fase, destinada a reforçar a interligação entre as regiões centro e norte do país, viabilizando a integração de energia proveniente de fontes hídricas e solares. Esta infra-estrutura deverá reduzir as perdas técnicas e melhorar a fiabilidade do fornecimento a consumidores industriais e domésticos.
O pacote contempla também a linha de transporte de 220 kV Matambo – Songo, com aproximadamente 60 km de extensão, que modernizará a ligação à Hidroeléctrica de Cahora Bassa, optimizando a capacidade de despacho e a estabilidade da rede. Este reforço é fundamental para consolidar a exportação de energia e assegurar o abastecimento interno.
Efectivamente, o Africa50 vai financiar três projectos de construção de linhas de transporte de energia elétrica de 800 Km (no total), nomeadamente, uma Linha de 220 KV, ligando as subestações de Marrupa (no Niassa) e Metoro (Cabo Delgado); outra de 220 KV, ligando as subestações de Metoro (Cabo Delgado) e de Namialo (Nampula); e a terceira, de 400 KV, que vai ligar as subestações de Chimuara (Sofala) e de Inchope (Manica).
O Africa50 vai ainda financiar um projecto de construção de um Centro de Tratamento de Dados e outro de reabilitação do Centro de Tratamento de Dados da Maluana, distrito da Manhiça, província de Maputo.
Além das linhas de transporte, o Africa50 financiará a construção de um Centro de Dados Nacional com capacidade inicial de 5 MW, expansível até 10 MW. A infra-estrutura contará com redundância de energia e conectividade, sistemas avançados de arrefecimento, segurança física e cibernética, e oferecerá serviços como cloud computing, colocation, edge computing, armazenamento seguro e recuperação de desastres (disaster recovery). Este equipamento tecnológico dará suporte a serviços críticos para o governo, banca, telecomunicações, saúde, educação e empresas privadas, reduzindo a dependência de servidores estrangeiros e reforçando a soberania digital do país.
Valor Estratégico e Impacto Esperado
O pacote de projectos responde a dois eixos prioritários do desenvolvimento moçambicano: a segurança energética e a transformação digital. No sector energético, reforça a capacidade de transmissão, reduz gargalos e cria condições para a expansão industrial e exportadora. No sector digital, posiciona Moçambique como hub regional de dados e inovação, capaz de atrair empresas de tecnologia e startups de alto valor acrescentado.
De acordo com o Presidente da República, Daniel Chapo, “esta parceria com o Africa50 não é apenas um investimento em infra-estruturas, é um investimento no futuro económico de Moçambique, no seu papel regional e na sua competitividade global”.
A implementação bem-sucedida destes projectos poderá gerar centenas de empregos directos durante a fase de construção, atrair novos investimentos privados e consolidar a posição de Moçambique como fornecedor fiável de energia e serviços digitais na SADC.
O Presidente da República, Daniel Chapo, sublinhou na cerimónia que estes investimentos “não apenas fortalecem a resiliência e a competitividade da economia moçambicana, como também inserem o país nas cadeias de valor energéticas e digitais da região da SADC”.
Integração Regional e Impacto Estratégico
As novas linhas de transporte de energia irão integrar-se com as redes de países vizinhos através do Southern African Power Pool (SAPP), aumentando a capacidade de Moçambique exportar electricidade e consolidando o seu papel como fornecedor-chave na região. Ao mesmo tempo, o centro de dados contribuirá para reduzir a dependência de serviços hospedados fora do continente, melhorando a soberania digital e a segurança cibernética.
O financiamento e execução destes projectos estão alinhados com a visão da Agenda 2063 da União Africana e com os objectivos do Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA), que dependem de infra-estruturas modernas e integradas para impulsionar a industrialização e a competitividade de África.
Combinando energia e digitalização, a parceria entre Moçambique e o Africa50 representa uma aposta estratégica no crescimento económico sustentado e na integração regional. A concretização destes projectos poderá gerar impacto directo na criação de empregos, na atracção de investimento privado e no reforço da posição do país como destino competitivo para negócios e inovação tecnológica.
Fonte: O Económico