Antecipação de Importações Sustenta Comércio Mundial em 2025, Mas Tarifas Elevadas Lançam Sombra Sobre 2026

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Questões-Chave:

Previsão da OMC para crescimento do comércio mundial de mercadorias em 2025 sobe para 0,9%, mas cai para 1,8% em 2026;

Efeito positivo imediato resulta da importação antecipada de bens nos EUA para evitar novas tarifas;

Ásia mantém-se como principal motor do crescimento, enquanto Europa e América do Norte registam contributos negativos;

Tarifa de 7 de agosto deverá reduzir trocas comerciais e afetar confiança empresarial;

Queda nos preços do petróleo reduz potencial de crescimento em países exportadores de energia.

O “frontloading” — prática de antecipar importações antes da aplicação de novas tarifas — permitiu uma revisão em alta da previsão de crescimento do comércio mundial para 2025, passando de uma contração de 0,2% para uma expansão de 0,9%. Mas o mais recente relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) avisa: este impulso é temporário e esconde riscos significativos para 2026, quando o efeito das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos se fizer sentir de forma mais ampla.

Segundo a actualização divulgada a 8 de agosto, as importações norte-americanas cresceram 11% no primeiro semestre de 2025, com um pico de 14% no primeiro trimestre face ao trimestre anterior, antes de caírem 16% no segundo trimestre. Este comportamento, impulsionado por antecipações estratégicas de compra, sustenta a atual projeção, mas deverá resultar em menor procura nos trimestres seguintes.

A Diretora-Geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, destacou que, apesar dos choques sucessivos, “o comércio global mostrou resiliência”, beneficiando de um enquadramento macroeconómico ligeiramente mais favorável, da depreciação do dólar e da queda dos preços do petróleo. Estes últimos ajudam economias industriais, mas reduzem as receitas e a capacidade de importação dos países exportadores de energia.

A análise da OMC mostra também que:

Ásia: principal contributo positivo em 2025, com exportações projetadas para crescer 4,9%, acima dos 1,6% estimados em abril;

América do Norte: importações devem cair 8,3% em 2025, melhor do que os -9,6% previstos, mas com impacto negativo global;

Europa: passa de contributo moderadamente positivo para ligeiramente negativo, com exportações em queda de 0,9%;

Exportadores de energia: impacto positivo reduz-se devido à descida das cotações do petróleo.

A OMC alerta que o aumento de tarifas recíprocas a 7 de agosto poderá enfraquecer significativamente as trocas internacionais no próximo ano. Embora se tenha evitado, até agora, um ciclo prolongado de retaliações comerciais, a incerteza tarifária continua a “pesar fortemente sobre a confiança das empresas, o investimento e as cadeias de abastecimento”.

Implicações Estratégicas e Geopolíticas
Este cenário reforça a centralidade da Ásia como “pulmão” do comércio global, ao mesmo tempo que expõe fragilidades nas economias desenvolvidas que dependem de cadeias de abastecimento longas e complexas. A persistência de políticas protecionistas nos EUA poderá acelerar um processo de reconfiguração das cadeias logísticas, favorecendo acordos bilaterais e regionais em detrimento do sistema multilateral da OMC.

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p dir=”ltr”>Para países emergentes, especialmente exportadores de bens intermédios e matérias-primas, este contexto cria um dilema: beneficiar no curto prazo da procura antecipada, mas enfrentar uma contração quando os efeitos das tarifas atingirem plenamente o fluxo comercial.

Fonte: O Económico

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