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Ataques Aéreos de Trump ao Irão Agitam o Mercado Petrolífero: Rumo ao Petróleo a 100 Dólares?

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Os ataques aéreos dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irão acentuaram a tensão no Médio Oriente e lançaram o mercado petrolífero num clima de incerteza. A possibilidade de retaliação iraniana e a ameaça de disrupção no Estreito de Ormuz reacendem os receios de escassez, podendo empurrar o preço do petróleo para os 100 dólares por barril.

O mercado petrolífero internacional entra numa nova semana em estado de alerta máximo, na sequência dos ataques ordenados por Donald Trump contra três alvos nucleares iranianos: Fordow, Natanz e Isfahan. O Presidente norte-americano descreveu a ofensiva como uma “carga de bombas” que “obliterou completamente” os locais estratégicos de enriquecimento de urânio, num claro sinal de escalada militar.

Os mercados reagiram de forma imediata. Os futuros do Brent já acumulam uma valorização de 11% desde os ataques israelitas a 13 de Junho, e a expectativa é que o novo episódio impulsione ainda mais os preços. No entanto, segundo vários analistas e traders, a subida só será sustentada caso o Irão venha efectivamente a retaliar de forma agressiva e provoque disrupções reais nos fluxos petrolíferos da região.

“Agora que os EUA fizeram a sua jogada, a bola está no campo do Irão”, afirmou Harry Tchilinguirian, chefe de pesquisa da Onyx Capital Group. “A trajectória dos preços dependerá da forma como Teerão escolher retaliar.”

O principal ponto de fricção é o Estreito de Ormuz, estreito estratégico por onde passa cerca de um quinto do petróleo global — incluindo de grandes produtores como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irão e Iraque. Qualquer interferência nesta rota poderá causar perturbações logísticas severas e uma subida exponencial dos custos de transporte e seguro marítimo.

Aliás, segundo a MICA (centro francês de segurança marítima), quase 1.000 embarcações por dia estão a reportar interferência nos sistemas GPS, elevando os riscos operacionais. Um recente choque entre dois petroleiros, embora sem ligação confirmada ao conflito, evidenciou os perigos crescentes na região.

“Este ataque dos EUA pode gerar uma conflagração que envolva interesses regionais americanos, incluindo infra-estruturas petrolíferas no Golfo”, alertou Saul Kavonic, da MST Marquee, acrescentando que os preços poderão ultrapassar os 100 dólares por barril se houver retaliação armada directa.

Contudo, há também quem refreie os alarmes. John Kilduff, da Again Capital, recorda que mesmo choques sérios, como o ataque às instalações de Abqaiq na Arábia Saudita em 2019 — que suspendeu 7% do fornecimento global — foram rapidamente compensados e os preços regressaram ao nível anterior em poucas semanas.

O actual cenário, no entanto, apresenta elementos adicionais de risco: uma forte redução de contratos futuros (queda de 7% no volume de posições), uma curva de preços em mutação, subida abrupta nos fretes de crude para a Ásia (quase +90%) e aumento generalizado de prémios de risco.

“O mercado quer previsibilidade — e esta acção dos EUA lança-o profundamente no tabuleiro do Médio Oriente”, comentou Joe DeLaura, estratega da Rabobank, antecipando preços entre os 80 e 90 dólares por barril. “A Marinha dos EUA será agora forçada a manter o Estreito de Ormuz aberto.”

Fonte: O Económico

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