Quatro anos depois de suposto rapto de bebé de Leila Vilanculos, a jovem mãe continua à espera de justiça. O caso, onde são réus os funcionários do Hospital Provincial da Matola, voltou esta quarta-feira ao tribunal, mas a audiência acabou sendo adiada para Dezembro, devido à sobreposição de outro julgamento no tribunal.
O que era para ser um julgamento de busca de justiça, terminou em lamentações e tristeza por parte da queixosa e sua família, que terá que esperar por mais tempo para conhecer a decisão sobre o roubo do seu bebé.
Aliás, a pressa em saber dos contornos do desaparecimento do seu filho fez com que Leila Vilanculos chegasse ao Tribunal Judicial da Matola por volta das 9 horas da manhã.
Leila Vilanculos trazia no rosto a esperança de que o processo no qual move contra o hospital, acusando-o de ter-lhe retirado o útero sem seu consentimento, violência obstétrica e roubo do seu bebé avançasse.
Mas, depois de mais de cinco horas de espera, a audiência foi adiada para 30 de Dezembro. O sentimento era de tristeza, segundo Leila.
“Haviam dito 30 de Dezembro, mas acho que 30 de Dezembro não vai dar para ninguém. As pessoas querem viajar. Então, acho que talvez para o próximo ano mesmo. Assim estou mesmo triste”, revelou Leila Vilanculos.
A mãe diz que esperava que nesta audiência tivesse resultados das suas preocupações. Sem ter havido a audiência, Leila Vilanculos diz que “cada vez que adiam, mais estão a adiar à volta da minha filha”.
“E eu queria ouvir, porque há outras pessoas envolvidas que eu nem as conhecia”, revelou Leila Vilanculos.
Na altura dos factos, o Hospital Provincial da Matola justificou que o bebé de Leila tinha falecido, uma versão rejeitada pela queixosa que hoje convive com sequelas do ocorrido e quer a sua filha de volta e a responsabilização dos implicados.
“Eu quero que me devolvam a minha filha. É o que eu mais quero. E depois eu quero que as pessoas que me tiraram o útero me expliquem porquê. Porquê que me fizeram isso tudo, porquê que me fizeram passar por isso que eu estou a passar até hoje. Eu tenho muitas dificuldades”, conta angustiada Leila Vilanculos, que sublinha que “eu quero saber delas como é que eu devo viver”.
A mãe diz querer respostas a todas inquietações que vive nos dias actuais que considera terem sido causadas pelos agentes da saúde que a atenderam aquando do parto, há três anos. “O que elas acham que eu devo fazer, eu tenho que me medicar, até quando?”, questiona.
Por outro lado, Leila Vilanculos diz não acreditar até hoje que a criança tenha perdido a vida porque não foi entregue o corpo. “Minha filha perdeu a vida, segundo elas, dia 4. Dia 5, minha família esteve no hospital. Porquê que não entregaram o corpo? Dia 6, eles estiveram lá. Dia 7, porquê que não entregaram o corpo? Simplesmente entregaram certidão de óbito. Sem corpo, não há óbito”, continuou Leila Vilanculos.
A defesa de Leila explicou que o adiamento da audiência deveu-se à sobreposição de outro julgamento no tribunal. Para esta quinta-feira, esperava-se ouvir outros arguidos e definir os próximos passos subsequentes do processo.
“Consta-nos que está a decorrer uma outra audiência, razão pela qual estamos aqui e ainda esperamos que seja ouvida a arguida que não tinha sido ouvida anteriormente, justamente porque não tinha sido notificada pela acusação. E os próximos passos só poderemos saber lá na sala, qual é que vai ser a sequência e tudo mais”, disse Rosita Euridse, Advogada de defesa de Leila Vilanculos.
A nossa equipa de reportagem tentou, sem sucesso, obter uma posição formal da defesa dos acusados.
Fonte: O País