O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) manifestou disponibilidade para apoiar financeiramente Moçambique na criação de capacidades de refinação do gás natural a nível doméstico, defendendo que o país deve assumir papel central na transição energética da África Austral e deixar de exportar a matéria-prima em bruto.
A posição foi apresentada por Charles Nyirahuku, chefe do sector do gás no BAD, durante a Conferência Regional Interparlamentar sobre Mudanças Climáticas, Transição Energética e o Sector do Gás na SADC, recentemente realizada em Maputo.
No seu discurso, Nyirahuku sublinhou que o gás natural representa uma oportunidade concreta para acelerar o acesso à energia moderna, diversificar as economias da região e assegurar uma transição energética justa e inclusiva. “Não podemos continuar a exportar o gás natural apenas como matéria-prima. Precisamos de investir na sua transformação local para geração de energia eléctrica, produção de fertilizantes e crescimento de sectores industriais estratégicos”, afirmou.
Segundo o responsável, a criação de cadeias de valor regionais em torno do gás permitirá não só a diversificação das economias da África Austral, como também a criação de empregos qualificados, a redução da dependência de combustíveis fósseis importados e o reforço da resiliência económica face a choques externos.
Nyirahuku destacou ainda o compromisso do BAD em apoiar os países da SADC no desenvolvimento de infra-estruturas que assegurem a valorização local do gás natural. Entre as prioridades estão projectos de produção integrada de electricidade, petroquímica e fertilizantes, assim como políticas públicas que favoreçam o equilíbrio entre investimento sustentável, protecção ambiental e progresso económico.
Com algumas das maiores reservas de gás natural da região, Moçambique é considerado peça-chave neste processo. O BAD entende que o país tem condições para se afirmar como pólo regional de transformação e distribuição de energia baseada no gás natural, desempenhando papel crucial na transição energética da SADC e na concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável no continente africano.
Fonte: O Económico