Por: Alfredo Júnior
A Associação Moçambicana de Bancos (AMB) anunciou a redução da taxa de juro de referência do mercado interbancário, sinalizando um alívio para o setor financeiro e para a economia nacional. A decisão reflete a tendência de maior estabilidade macro-económica e pode ter impacto direto no acesso ao crédito por parte de empresas e famílias.
A taxa de juro de referência, criada em 2018 como instrumento de padronização do custo do crédito, foi revista em baixa, passando de 20,3% para 20,1% em setembro de 2025. Esta revisão segue a evolução da política monetária do Banco de Moçambique, que já vinha adotando medidas de flexibilização desde o início do ano, com cortes na taxa MIMO principal taxa diretora do mercado monetário.
Segundo a AMB, a redução, ainda que modesta, procura refletir a melhoria gradual do ambiente económico, marcada por maior controlo da inflação, que se mantém em níveis relativamente estáveis, e por sinais de retoma da atividade produtiva.
Especialistas em economia destacam que, apesar de pequena, a redução da taxa pode contribuir para um ligeiro alívio no custo do crédito, sobretudo em financiamentos empresariais e imobiliários. Ainda assim, muitos analistas consideram que as taxas continuam elevadas, limitando a capacidade de endividamento de famílias e de pequenas e médias empresas.
“O corte tem mais um efeito simbólico do que prático, mostra que o sistema bancário acompanha os sinais positivos da economia, mas o impacto direto no bolso dos consumidores será sentido apenas se houver cortes mais expressivos”, afirmou um analista ouvido pela imprensa nacional.
Apesar do ajuste, Moçambique continua entre os países africanos com maiores custos de financiamento. Os empresários sublinham que o elevado nível das taxas de juro compromete a competitividade e dificulta investimentos em setores estratégicos, como agricultura, indústria e comércio.
Além disso, fatores externos como a volatilidade dos preços internacionais de combustíveis e alimentos, bem como os riscos associados à insegurança em Cabo Delgado, ainda pesam sobre o ambiente económica .
Se a tendência de estabilidade macro-económica se mantiver, é possível que novas descidas da taxa de juro sejam anunciadas nos próximos meses. No entanto, especialistas alertam que o Banco de Moçambique deverá agir com prudência, garantindo que a política monetária não comprometa a trajetória de contenção da inflação.
A decisão recente da AMB representa, assim, um sinal de confiança na economia nacional e um passo tímido, mas importante, rumo a um sistema financeiro mais acessível e competitivo em Moçambique.
