O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, na última quinta-feira, 30/01/2025, cortar a taxa de depósito em 25 pontos base, para 2,75%, marcando o quinto corte consecutivo desde junho. A medida reflete as preocupações com o crescimento económico lento da zona do euro, que está a lutar contra uma recessão industrial e um consumo fraco. O BCE também indicou que continuará a sua política de afrouxamento monetário, deixando a porta aberta para mais cortes de taxas nos próximos meses.
Cenário Económico da Zona Euro
A economia da zona do euro está a enfrentar desafios significativos, com um crescimento estagnado no último trimestre de 2024, devido à recessão industrial e ao enfraquecimento do consumo. Alemanha, França e Itália apresentaram contração económica, enquanto Espanha foi o único grande país da zona euro com crescimento positivo. A incerteza no comércio internacional, exacerbada pelas ameaças de tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, também pode prejudicar ainda mais o crescimento da zona do euro, especialmente no que diz respeito às exportações e à economia global.
Riscos à Economia Global
A Presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que os riscos para o crescimento económico permanecem inclinados para o lado negativo, com maiores tensões comerciais sendo uma preocupação crescente. Ela alertou que a escalada das tarifas comerciais poderia aumentar as dificuldades económicas da zona do euro, prejudicando as exportações e desacelerando ainda mais a economia global.
A inflação, que subiu para 2,4% em dezembro de 2024, está a começar a desacelerar e o BCE espera que a meta de 2% seja atingida de forma sustentável até 2025. No entanto, Lagarde afirmou que é necessário mais trabalho para garantir que o crescimento económico se estabilize, o que justifica a política de redução de taxas.
Expectativas do Mercado e Visão de Futuro
Os mercados estão a precificar a possibilidade de mais cortes de taxas em 2025, com algumas previsões a apontar para uma taxa terminal de cerca de 2%, o que estaria dentro do intervalo considerado neutro para a zona euro, nem estimulando nem desacelerando a atividade económica. O BCE indicou que pode haver uma maior redução nas taxas caso a situação económica da zona do euro não melhore.
A volatilidade associada às políticas comerciais de Trump pode, por sua vez, intensificar a pressão sobre o BCE para reduzir ainda mais as taxas e estimular o crescimento. Especialistas de instituições financeiras, como a PIMCO, observam que há riscos de baixa para o crescimento económico na zona do euro, especialmente após as eleições nos Estados Unidos.
Fonte: O Económico