Resumo
O Black Friday de 2025 atingiu vendas globais superiores a 70 mil milhões de dólares, com a maioria das transações a ocorrer online, evidenciando a consolidação do comércio eletrónico. As lojas físicas registaram crescimento mínimo ou mesmo decréscimo, confirmando a transição para o digital. O evento tornou-se essencialmente digital, com vendas online globais ultrapassando os 74 mil milhões de dólares, impulsionadas por estratégias algorítmicas avançadas. Nos EUA, o comércio eletrónico atingiu 11,8 mil milhões de dólares num dia, recorde impulsionado por inteligência artificial e compras móveis. O método "buy now, pay later" ganhou destaque, facilitando o consumo, especialmente entre jovens e famílias com orçamentos limitados. Enquanto o comércio eletrónico cresce, as lojas físicas enfrentam estagnação, com queda no tráfego e crescimento mínimo nas vendas, refletindo a preferência dos consumidores por compras online e interações específicas em lojas físicas.
Os dados mais recentes mostram que o Black Friday se tornou um evento essencialmente digital. Em 2025, o volume global de vendas online ultrapassou 74 mil milhões de dólares, número que reflecte não apenas a força das plataformas de e-commerce, mas também a crescente sofisticação das estratégias algorítmicas de personalização, comparação de preços e optimização de compras. Nos Estados Unidos — maior mercado individual do evento — o comércio electrónico atingiu 11,8 mil milhões de dólares num único dia, um recorde impulsionado pelo recurso a inteligência artificial e pela massificação das compras através de dispositivos móveis.
O crescimento do comércio electrónico tem sido acompanhado pela consolidação de novos métodos de pagamento. O “buy now, pay later” (BNPL) tornou-se uma das principais ferramentas para ampliar o consumo, especialmente entre jovens adultos e famílias que enfrentam orçamentos mais restritos. Este movimento reforça a tendência para a digitalização das decisões de compra, reduzindo ainda mais o papel das deslocações físicas.
Em contrapartida, o comércio tradicional apresenta sinais de estagnação. Nos Estados Unidos, o tráfego em lojas físicas caiu cerca de 3,2% durante o Black Friday de 2024, tendência que se manteve activa em 2025. As vendas presenciais tiveram um crescimento marginal, insuficiente para alterar a trajectória descendente do canal tradicional. Em várias regiões, os consumidores tornam-se mais selectivos nas deslocações, privilegiando produtos específicos, retiradas rápidas ou interacções com funções claramente definidas, ao invés do consumo por impulso típico de décadas anteriores.
A expansão do consumo digital não é uniforme. Países com menor capacidade logística, conectividade limitada ou custos elevados de importação continuam a depender em maior grau do comércio físico. Contudo, mesmo nesses mercados, o peso relativo do online aumenta de forma consistente, pressionando o retalho tradicional a adaptar-se ou perder competitividade. O efeito é particularmente sensível em economias emergentes que ainda não desenvolveram sistemas robustos de pagamentos electrónicos, protecção do consumidor ou logística de última milha.
No agregado global, o Black Friday deixa de ser apenas um evento de descontos para se transformar num barómetro da economia digital mundial. A ascensão do telemóvel como principal canal de compra, a integração de inteligência artificial em plataformas de venda, o crescimento dos sistemas de pagamentos alternativos e a centralização do consumo em grandes plataformas tecnológicas alteram profundamente a estrutura competitiva do retalho. Para os operadores tradicionais, a sobrevivência depende de estratégias omnichannel, digitalização acelerada, revisão de margens e melhoria da experiência de loja.
Para países africanos, incluindo Moçambique, o fenómeno global apresenta oportunidades e riscos. Por um lado, aumenta o acesso a produtos mais variados, amplia a literacia digital e incentiva a adopção de meios electrónicos de pagamento. Por outro, a dependência de importações, as fragilidades logísticas e os custos elevados dificultam a plena integração no fluxo de consumo global, enquanto a pressão sobre as famílias com poder de compra limitado pode agravar vulnerabilidades financeiras.
O Black Friday de 2025 confirmou a transição irreversível do consumo global para o ambiente digital. Com o comércio electrónico a liderar de forma destacada e as lojas físicas a lutarem por relevância, o fenómeno torna-se um retrato fiel da nova economia mundial — rápida, tecnológica, altamente competitiva e cada vez mais impulsionada por algoritmos. Para as economias emergentes, o desafio é transformar este movimento global em oportunidade estratégica, garantindo que digitalização e consumo caminhem lado a lado com inclusão e sustentabilidade.
Fonte: O Económico






