Bloqueio da ajuda em Gaza pode resultar em fome generalizada

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Crianças tentam obter alimentos em centros de distribuição de ajuda em Gaza

O fluxo de ajuda que chega a Gaza é “totalmente insuficiente” para combater a fome.” A afirmação é do porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Thameen Al-Kheetan.

Falando a jornalistas em Genebra, nesta terça-feira, ele afirmou que isso é o “resultado direto da política do governo israelense de bloquear a ajuda humanitária”.

Mortes relacionadas à fome

O porta-voz explicou que, nas últimas semanas, as autoridades de Israel só permitiram a entrada de ajuda em quantidades “muito abaixo do que seria necessário para evitar a fome generalizada”.

Segundo dados da ONU, nesta segunda-feira, mortes relacionadas à fome continuam sendo relatadas na Faixa de Gaza, inclusive entre crianças.

O Exército israelense está intensificando os ataques no norte de Gaza com sucessivas ordens de deslocamento para os moradores.

Condições desastrosas em Al-Mawasi

Muitos foram instruídos a se mudar para a área de Al-Mawasi. Thameen Al-Kheetan disse que a região apresenta “condições desastrosas” e sofre ataques aéreos contínuos.

De acordo com ele, os deslocados têm “pouco ou nenhum acesso a serviços e suprimentos essenciais, incluindo comida, água, eletricidade e tendas”.

Nos dias 16 e 17 de agosto, foram registrados cinco ataques a tendas de deslocados internos em Al-Mawasi, matando pelo menos nove pessoas.

Uma criança faz fila para obter água em Gaza
Unicef/Mohammed Nateel

Uma criança faz fila para obter água em Gaza

1.857 morreram enquanto buscavam comida

O porta-voz enfatizou que obter ajuda humanitária “pode ser uma busca mortal”.

Os dados mais recentes indicam que 1.857 palestinos foram mortos enquanto buscavam comida na Fundação Humanitária de Gaza, um esquema militarizado de distribuição de ajuda apoiado pelos Estados Unidos e Israel, que começou a operar em 27 de maio.

Al-Kheetan disse que 1.021 foram mortos nas proximidades dos locais da Fundação e 836 nas rotas de caminhões de suprimentos.

Vídeo em prisão israelense

O porta-voz também afirmou que as imagens de vídeo mostrando o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, repreendendo e provocando o líder palestino Marwan Barghouti, cara a cara, dentro de uma prisão israelense, são “inaceitáveis”.

O representante do Escritório de Direitos Humanos afirmou que o comportamento do ministro e a publicação das imagens constituem um “atentado à dignidade de Barghouti”.

Al-Kheetan adicionou que o direito internacional exige que todos os detidos sejam tratados humanamente, com dignidade, e que os seus direitos humanos sejam respeitados e protegidos.

Para ele, a conduta do ministro responsável pelo Serviço Prisional Israelense pode encorajar a violência contra os detidos palestinos, permitindo violações dos direitos humanos em centros de detenção israelenses.

Fonte: ONU