A actividade económica do município da Matola foi novamente afectada esta segunda-feira (10), devido a manifestações promovidas por apoiantes do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane. Os protestos ocorreram em diversos pontos estratégicos, incluindo o bairro de Malhampswene, com particular incidência sobre a Estrada Nacional Número Quatro (EN4), uma das principais artérias rodoviárias que liga o Porto de Maputo à região industrial sul-africana de Witbank.
Impacto económico e receio de vandalização
A interdição da EN4 resultou na paralisação do transporte de mercadorias, com os manifestantes a forçar camionistas a entregar as chaves dos veículos para bloquearem a via. Este tipo de acção preocupa as autoridades sul-africanas, uma vez que os prejuízos decorrentes da interrupção do tráfego de mercadorias podem atingir os 10 milhões de randes por dia, segundo estimativas oficiais.
Em resposta aos protestos, vários estabelecimentos comerciais encerraram preventivamente, temendo actos de vandalismo e saque. Recorde-se que, em Dezembro passado, manifestações do mesmo grupo resultaram em ataques a múltiplas lojas na Matola, deixando uma parte significativa do comércio local destruído. Muitos dos estabelecimentos afectados continuam por reconstruir, o que reforça o clima de incerteza e instabilidade para os empresários da região.
Reivindicações e intervenção das autoridades
Diferentemente das manifestações anteriores, motivadas por contestação ao processo eleitoral, os protestos desta semana foram impulsionados pelo aumento dos preços dos bens essenciais. A população, pressionada pelo encarecimento dos produtos básicos, juntou-se à mobilização para exigir respostas do Governo.
As forças policiais foram destacadas para a zona, conseguindo desobstruir parte da EN4 ao longo da tarde. Contudo, algumas secções da estrada permaneceram bloqueadas, exigindo uma presença contínua das autoridades para evitar novos tumultos.
Apesar da tensão, não se registaram incidentes violentos, e o comércio informal manteve alguma actividade, ainda que de forma limitada, face ao receio de confrontos ou novos actos de vandalismo.
Desafios futuros e possíveis repercussões
A persistência deste tipo de protestos levanta preocupações sobre o ambiente de negócios e a estabilidade económica na Matola, especialmente para os sectores do comércio e da logística. Além disso, as perturbações no tráfego rodoviário podem impactar negativamente a cadeia de abastecimento transfronteiriça entre Moçambique e a África do Sul.
Enquanto as autoridades trabalham para restaurar a normalidade, persiste a incerteza quanto ao desenrolar da situação nos próximos dias, num contexto em que o custo de vida continua a ser um dos principais desafios enfrentados pelos cidadãos moçambicanos.
Fonte: O Económico
