Brasil tem mais de nove em cada 10 casos de febre de Oropouche nas Américas

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A disseminação do vírus, transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, tem aumentado nas Américas

A Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, divulgou uma atualização epidemiológica sobre a febre de Oropouche, uma doença viral que ressurgiu nas Américas desde o final de 2023.

Até o momento, foram reportados 12.786 casos confirmados em 11 países. Sete nações têm transmissão local e quatro concentram casos importados. Os números foram coletados entre 1º de janeiro a 27 de julho de 2025.

Rio de Janeiro e Espírito Santo

A disseminação do vírus, transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, tem aumentado nas Américas.

Em todo o ano de 2024, houve 16.239 casos em 11 países e um território, incluindo quatro mortes.

Com 11.888 casos da febre de Oropouche, o Brasil tem mais de nove em cada 10 notificações às autoridades de saúde, seguido por Panamá com 501, Peru com 330 Cuba com 28 e Colômbia com 26. Casos importados foram notificados no Uruguai, Chile, Canadá e Estados Unidos.

Os estados brasileiros que mais reportam a doença são Espírito Santo e Rio de Janeiro. Somente este ano, cinco pessoas morreram no Brasil com a febre, além de casos de complicações neurológicas e óbitos fetais atualmente sob investigação.

Os estados brasileiros que mais reportam a doença são Espírito Santo e Rio de Janeiro
© Unicef/Paulo Diogenes

Os estados brasileiros que mais reportam a doença são Espírito Santo e Rio de Janeiro

Riscos de meningite

Panamá e Peru também registraram surtos significativos, enquanto Cuba e Colômbia têm menos casos.

A febre de Oropouche geralmente causa febre alta, fortes dores de cabeça e dores musculares e na articulação, com a maioria dos pacientes se recuperando em duas a três semanas, embora até 60% possam apresentar recaídas.

A doença, ainda que raramente, pode levar à meningite ou à encefalite e, em gestantes, há preocupações sobre potenciais riscos ao feto.

A disseminação do vírus para áreas não endêmicas, como regiões urbanas em Cuba, é impulsionada por fatores como mudanças climáticas, desmatamento e urbanização de áreas florestais, que aumentam a população de mosquitos.

A Opas recomenda uma vigilância epidemiológica e controle de vetores mais rigorosos para conter a doença, que atualmente não possui vacina ou tratamento antiviral específico.

Principais recomendações da OMS:

• Vigilância: Adaptar as ações com base na situação epidemiológica de cada país para detectar a introdução do vírus em novas áreas, monitorar sua disseminação em áreas com transmissão local e caracterizar adequadamente o cenário epidemiológico.

• Controle de vetores: Eliminar os criadouros de mosquitos, limpando a vegetação e promovendo práticas agrícolas sustentáveis.

• Proteção individual: Previna picadas usando mosquiteiros, roupas de proteção e repelentes contendo DEET, IR3535 ou icaridina, especialmente para gestantes e trabalhadores rurais.

• Manejo clínico: Fortaleça o diagnóstico clínico precoce e o diagnóstico diferencial, principalmente com dengue. O tratamento se concentra no alívio da dor e da febre, na hidratação e no controle do vômito, além do monitoramento de complicações ou problemas neurológicos em gestantes.

Transmissão vertical

A Organização Pan-Americana da Saúde lembra que a colaboração nacional e regional é essencial para monitorar e controlar a disseminação do vírus, especialmente em meio à circulação de outros arbovírus, como a dengue.

A Opas está apoiando os países com orientações técnicas sobre diagnóstico, manejo clínico e prevenção e controle de vetores, incentivando a notificação imediata de eventos incomuns, como mortes ou casos de transmissão vertical.

Fonte: ONU