A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) assegura que o nível de armazenamento da sua albufeira se encontra em recuperação, garantindo a produção de energia eléctrica sem restrições para o abastecimento interno e com perspectivas de retoma das exportações. Este cenário surge após um período crítico em que os níveis de encaixe de água atingiram mínimos históricos, comprometendo a capacidade de geração da barragem.
De acordo com Tomás Matola, Presidente do Conselho de Administração da HCB, os dados hidrometeorológicos indicam uma tendência crescente no armazenamento de água, resultado das recentes precipitações que incidiram sobre as bacias hidrográficas que alimentam o Zambeze. Em declarações feitas em Maputo, Matola sublinhou que o actual nível da albufeira se situa nos 24,18 por cento, um aumento significativo face aos 19,18 por cento registados em Janeiro, a cota mais baixa dos últimos tempos.
“A situação ainda requer monitorização contínua, mas podemos afirmar que há água suficiente para manter a produção de electricidade dentro dos padrões normais. Além disso, a previsão meteorológica aponta para mais chuvas nas próximas semanas, o que deverá contribuir para um armazenamento ainda mais robusto”, explicou Matola.
Impacto no Mercado Energético
A recuperação do nível de água na albufeira poderá ter impactos positivos no fornecimento de energia, tanto para Moçambique como para os países da região da África Austral que dependem da HCB. Segundo Matola, uma das prioridades da empresa é garantir a segurança energética do mercado doméstico, ajustando a produção conforme as disponibilidades hídricas.
“Mesmo que os níveis não atinjam os máximos históricos, já conseguimos afastar o risco de cortes internos de energia. Naturalmente, uma produção reduzida significaria menos receitas externas, mas sempre teremos electricidade suficiente para os moçambicanos”, afirmou.
A expectativa é que, com a melhoria das condições hídricas, a HCB possa recuperar gradualmente os volumes de energia exportados para países como a África do Sul e o Zimbabué, parceiros tradicionais da empresa. No entanto, analistas alertam que o sector energético moçambicano precisa de estratégias de diversificação e maior investimento em fontes renováveis para reduzir a dependência de fenómenos climáticos.
Rumo à Sustentabilidade Energética
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa é um dos pilares do abastecimento energético da África Austral, representando uma das maiores infra-estruturas hidroeléctricas da região. O recente cenário de redução dos níveis de água reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para a resiliência do sector eléctrico, incluindo a gestão eficiente dos recursos hídricos e a promoção de alternativas energéticas.
Com a estabilização do armazenamento na albufeira e previsões optimistas para os próximos meses, o desafio agora é garantir que Moçambique continue a consolidar o seu papel como fornecedor estratégico de energia na região. Entretanto, a HCB mantém-se vigilante, acompanhando de perto a evolução das condições meteorológicas e hidrológicas que definirão o futuro do sector nos próximos anos.
Apesar dos desafios enfrentados, a recuperação dos níveis de água na barragem de Cahora Bassa representa um alívio para o abastecimento eléctrico do país e da região. Com uma gestão criteriosa dos recursos hídricos e estratégias de longo prazo, Moçambique poderá fortalecer ainda mais a sua posição no mercado energético africano, garantindo estabilidade e segurança no fornecimento de electricidade.
Fonte: O Económico
