A Empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) revelou que, nos últimos meses, acumulou prejuízos na ordem dos 17 milhões de dólares (mil milhões de meticais) devido a actos de vandalização, sabotagem e bloqueios ferroviários. A situação tem afectado não apenas o transporte de passageiros e mercadorias, mas também o desenvolvimento de projectos estruturantes no País.
O anúncio foi feito pelo Presidente do Conselho de Administração da CFM, Agostinho Langa, que denunciou o aumento das acções criminosas contra a rede ferroviária, sublinhando que a empresa continua a ser alvo de sabotagem e destruição de infra-estruturas essenciais para o transporte ferroviário nacional e regional.
Cancelamento de serviços e impacto económico
Uma das consequências mais recentes foi o cancelamento da viagem do comboio para Chicuacuala, devido ao bloqueio da linha férrea em Chókwè. Este percurso é de grande importância, especialmente porque facilita a circulação de mercadorias e passageiros entre Moçambique e o Zimbabué.
De acordo com Agostinho Langa, o transporte ferroviário desempenha um papel fundamental na economia nacional e regional, servindo de suporte para diversas actividades comerciais e industriais. O cancelamento de operações, além dos danos físicos à infra-estrutura, representa perdas significativas para o sector e para a economia do país.
“Neste momento temos estragos e prejuízos por não realizarmos a carga; continuam a ocorrer situações de apedrejamento das carruagens no transporte de passageiros”, afirmou Langa, apelando para o fim destes actos de vandalismo.
Reparações e desafios para a CFM
A CFM tem procurado fazer a reposição imediata dos bens danificados, contudo, os ataques recorrentes dificultam o normal funcionamento das operações. Langa alertou que a empresa subsidia parte das operações de transporte de passageiros com receitas provenientes do transporte de mercadorias, pelo que os bloqueios e actos de vandalismo colocam em risco a sustentabilidade da actividade ferroviária.
“Estamos resilientes e continuamos a resistir, mas fazemos apelos para o fim dos bloqueios e vandalizações”, reforçou o presidente da empresa.
Consequências para o comércio e desenvolvimento
A persistência destes actos pode comprometer projectos ferroviários estratégicos, prejudicando o desenvolvimento de Moçambique e limitando a competitividade do sector logístico. O impacto reflecte-se não apenas no transporte ferroviário, mas também na circulação de mercadorias essenciais, afectando cadeias de abastecimento e os custos de produtos no mercado interno e na exportação.
Langa fez um apelo directo às comunidades, alertando para as consequências económicas destes actos.
“Chamamos a atenção das pessoas a terem consciência de que estão a estragar algo que é para o seu próprio benefício. Que estejam cientes de que o principal prejudicado é o povo”, enfatizou.
Responsabilidade social da CFM
As declarações do presidente da CFM foram feitas no âmbito de uma acção de responsabilidade social corporativa, na qual a empresa procedeu à doação de mil litros de iodo povidona ao Ministério da Saúde, destinados a blocos operatórios de hospitais públicos.
A empresa reforçou o seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento do país, destacando que, apesar das dificuldades impostas pelos actos de vandalismo e bloqueios, continuará a trabalhar para garantir um serviço de transporte ferroviário eficiente e seguro.
Apelo às autoridades e à população
Diante da gravidade da situação, exige-se maior vigilância e acções concretas por parte das autoridades competentes para travar os actos de vandalismo e sabotagem contra as infra-estruturas ferroviárias.
Por outro lado, o apelo à consciencialização das comunidades torna-se essencial, dado que a degradação da rede ferroviária afecta directamente a população, encarecendo os transportes, limitando a mobilidade e comprometendo o crescimento económico.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A CFM mantém-se firme na sua posição de resistir e reconstruir, mas alerta que a continuidade destas acções poderá ter consequências severas para a economia nacional e para o bem-estar da população moçambicana.
Fonte: O Económico