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O Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, defendeu esta quarta-feira, 5 de Junho, a remoção de barreiras ao investimento entre Moçambique e o Malawi, apelando à criação de condições mais favoráveis ao comércio, à mobilidade e à cooperação empresarial entre os dois países.
Intervindo durante um encontro com a comunidade empresarial malawiana, em Lilongwe, o Chefe de Estado moçambicano destacou que o crescimento económico de África depende da capacidade de atrair investimentos e de gerar emprego, sobretudo para a juventude.
“A África precisa de crescer e desenvolver, gerar mais renda para o seu povo, emprego para a juventude e o desenvolvimento económico e social. E para isso acontecer, tem que haver atracção de investimentos, tanto nacionais como estrangeiros”, declarou o Presidente Chapo.
A visita oficial ao Malawi incluiu um encontro com o homólogo Lazarus Chakwera, onde foram discutidas áreas estratégicas de cooperação, com destaque para os corredores de desenvolvimento da Beira, Nacala e Sena, e os sectores da energia, agricultura, turismo, indústria e recursos minerais.
Uma das medidas anunciadas foi o arranque iminente da construção da Fronteira de Paragem Única, projectada para acelerar o tráfego e simplificar os trâmites comerciais. O Presidente ironizou com o nome técnico da infra-estrutura, sugerindo uma nova designação: “Hoje começamos a chamá-la de Fronteira de Ida Única. Porque essa palavra de parar, nós não queremos parar. Nós queremos trabalhar”, afirmou, arrancando aplausos dos empresários presentes.
A Câmara de Comércio do Malawi participou activamente no encontro, saudando a visita como um marco nas relações bilaterais. Um representante da organização revelou que já está 90% concluído o processo para a criação de uma representação oficial da Câmara em Moçambique.
A mesma entidade destacou que a plataforma aberta com esta visita permitirá um diálogo contínuo entre os sectores público e privado dos dois países, encorajando a apresentação de novas parcerias e oportunidades de investimento, bem como a definição de políticas consistentes e o reforço da conectividade através de infra-estruturas.
Num tom incisivo, Chapo apelou à remoção de obstáculos burocráticos e à criação de um ambiente de negócios funcional e competitivo. Defendeu que o sector público deve assumir a responsabilidade de facilitar os investimentos e combater o que chamou de “falta de liberdade económica”.
“Temos que facilitar o ambiente de negócios para desenvolver os nossos países, os nossos povos, mas também desenvolvermos aqueles que trazem dinheiro para terem lucros e poderem desenvolver mais as empresas”, enfatizou.
Realçando os laços históricos e culturais entre Moçambique e o Malawi, o Presidente argumentou que barreiras administrativas não fazem sentido entre povos irmãos: “Somos uma família. Temos os mesmos nomes, a mesma cultura, a mesma língua. Então, não há necessidade de haver essas barreiras. Vamos facilitar o negócio para que os nossos países cresçam”.
Chapo terminou a sua intervenção com um apelo à integração regional africana, criticando a persistência de exigências de vistos entre países vizinhos. “Noutras regiões do mundo já operam com uma moeda e um passaporte únicos. África precisa de avançar com mais ambição e unidade”, concluiu.
Fonte: O Económico