Falando nesta quinta-feira, na cidade da Matola, Província de Maputo, onde decorreu a cerimónia central alusiva aos 61 anos do desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional e do Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, o Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança iniciou o seu discurso de ocasião enaltecendo a coragem e bravura de todos os que lutaram contra o regime fascista português e garantiram a independência ao país.
Na ocasião, Daniel Chapo prestou um minuto de silêncio por aqueles que tombaram em nome de Moçambique.
Como de praxe, o evento começou com a deposição de uma coroa de flores na Praça dos Heróis. Diversas personalidades – antigos Chefes do Estado, representantes de órgãos de soberania, académicos e corpo diplomático – marcaram presença.
Há 61 anos que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique servem ao país “com honra” e defendem a Nação com coragem e união, referiu Daniel Chapo, para depois avançar que espera que este exemplo seja “fonte de inspiração dos demais grupos socioprofissionais a embarcarem na luta pela independência económica de Moçambique”, cujos alicerces já foram implantados.
No primeiro semestre deste ano, disse o Presidente da República, recordando sobre a circulação da tocha da unidade nacional, o Governo fez um “périplo por todas as províncias”, tendo a população deixado uma mensagem clara, de forma repetitiva: paz e um país e livre do terrorismo, para poder desenvolver as suas actividades em segurança. Para responder a esse pedido, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique são chamadas a reinventar-se.
Daniel Chapo disse não haver dúvidas de que, actualmente, a segurança em Cabo Delgado melhorou comparativamente a três ou quatro anos passados, “pois há condições básicas para a circulação de pessoas e bens, com relativa segurança”.
No seu discurso, que antecedeu a demonstrações sobre a capacidade militar do país em diferentes ramos, o Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança disse que há uma “pressão operacional” contra os terroristas, apesar da alteração do seu modus operandi, tendo passando a realizar acções que incluem “implantação de dispositivos explosivos improvisados em algumas rodovias, para a contenção do avanço operacional das nossas forças”.
As artimanhas dos terroristas vão desde a “tentativa de condicionamento de circulação de viaturas em algumas rodovias, sob ameaça de ataques e saques”, passam pela “realização de incursões para o saque de produtos alimentares da população, para o reforço da sua logística” e desembocam em “sequestro de cidadãos, maioritariamente pescadores, confiscação dos seus bens e cobrança de valores monetários para a sua soltura”.
Para refrear estas acções, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique deverão reforçar a sua capacidade operacional, “com vista a persuadir, dissuadir e deter qualquer tipo de ameaça em Cabo Delgado”, afirmou Chapo, que orientou para que se encontrem estratégias de eliminação do terrorismo.
“Reconhecemos a complexidade desta missão, mas também sabemos que, ao longo destes anos, adquiriram experiência, criaram estruturas e formaram muitos quadros nas academias, capazes de enfrentar esses desafios com mestria. Portanto, recomendamos a enviar os melhores quadros para o terreno. O terrorismo não se vence deixando os melhores militares, os melhores quadros, os familiares ou os filhos dos chefes nos gabinetes. Todo o cidadão que faz parte das Forças de Defesa e Segurança deve ir ao teatro operacional norte. Isto é inegociável”.
Chapo reiterou que, no combate ao terrorismo, “quem deve tomar a dianteira somos nós, moçambicanos, e não os nossos irmãos de países amigos que nos vêm ajudar”.
“A vigilância e denúncia para autoridades competentes, de um movimento estranho que presenciamos no nosso bairro ou local de trabalho sobre qualquer tipo de ilegalidade já é bastante, no contexto geral de estabilidade do nosso país”, exortou.
Fonte: O País