Início Desporto Cinco ideias táticas que explicam a superioridade do Benfica no dérbi

Cinco ideias táticas que explicam a superioridade do Benfica no dérbi

0
Sporting-Benfica (Paulo Novais/Lusa)

Novo confronto entre Sporting e Benfica, num curto espaço de tempo, desta vez numa final para a conquista da Taça da Liga. Ambas as equipas com algumas alterações no onze em relação ao último confronto, no caso do Sporting mais por questões físicas, enquanto no Benfica por opção.

Ainda que com pouco tempo de trabalho, a equipa de Rui Borges vem tentando implementar e consolidar a estrutura e dinâmicas que o treinador pretende, pelo que foi uma equipa que se apresentou com esse contexto, sem alterações nas dinâmicas e sem surpresas táticas. 

Do outro lado, a equipa de Bruno Lage apresentou nuances e dinâmicas diferentes relativamente ao outro dérbi. Percebendo as dificuldades sentidas (principalmente na primeira parte), neste jogo tentou ajustar-se para corrigir isso.

Foi um jogo intenso, com ritmo alto, jogado em velocidade, com ataques rápidos e dinâmicos e ambas as equipas a construírem situações de perigo. No fundo foi um dérbi quilibrado, embora com alguns momentos mais partidos. O Benfica usou mais os ataques posicionais, ainda que não muito longos, a variar de corredor a corredor para chegar a zonas de finalização. Sporting teve menos chegadas em ataque posicional, optando mais pelo contra-ataque, ou ataques mais rápidos por um corredor.  

Houve muito equilíbrio, portanto. O Benfica teve mais bola numa primeira fase e com ligeiro ascendente, mas o Sporting acabou com um pouco mais bola.

Sem bola o Benfica foi muito mais competente e eficaz neste confronto. A equipa esteve mais pressionante e intensa, com melhor capacidade de fechar os espaços. Partia de um 4-4-2 a defender, com Aursnes e Pavlidis na primeira linha de pressão, mas perante um adversário a contruir a quatro, com laterais baixos, o Benfica iniciava a sua pressão muito alta, praticamente em 4-2-4.

Bom trabalho da primeira linha de pressão, muito junta, orientando o jogo para o exterior, com a intenção de pressionar o central com bola, mas protegendo sempre as suas costas, onde podia estar posicionado Hjulmand ou Hjulmand mais Simões.

Os alas apresentaram-se muito próximos dos laterais adversários, para condicionar o passe e pressionar, podendo também ir pressionar um central caso a bola fosse rodada. Com isto limitava mais a construção do Sporting que não conseguia ligar o seu jogo curto pelos médios e tinha de jogar longo muitas vezes. 

Florentino e Kokçu estiveram bem juntos a controlar o espaço central, mas mais próximos da linha defensiva para controlar as segundas bolas.

Num segundo momento, a equipa fechava mais em 4-4-2, em bloco médio alto, mais uma vez posicionando-se bem ao centro e deixando pouco espaço entrelinhas, para controlar melhor o jogo adversário, o que lhe permitia criar mais dificuldades aos jogadores leoninos. Sobretudo a Trincão, que ficava com menos espaço, menos bola e consequentemente menor capacidade para criar desequilíbrios.

O Sporting com bola apresentava-se na habitual estrutura que Rui Borges tem apresentado. Partia de um posicionamento inicial em 4-3-3, com laterais baixos e dinâmicas assimétricas.

No triângulo direito do ataque, Trincão baixava e ocupava a zona de interior, Catamo ficava bem aberto e Quaresma mais recuado, com um posicionamento mais fixo deste lado. Já o triângulo da esquerda tinha mais mobilidade e dinâmica. Simões alternava entre interior direito e uma posição mais baixa (perto de Hjulmand ou até abrindo na esquerda pela linha defensiva), Quenda e Maxi Araújo alternavam dentro e fora.

Perante mais dificuldades em ligações pelo meio e construção mais curta, foi um Sporting com capacidade de chegar à frente sobretudo em transição ofensiva, ou combinações mais rápidas pelo corredor onde entrava a bola, embora fizesse mais ataques e mostrasse mais capacidade pelo corredor esquerdo. 

Gyokeres era sempre a referência para as bolas mais diretas e muitas ruturas no espaço entre centrais e laterais, especialmente para a esquerda. Algumas vezes procurando jogar direto com Gyokeres, que recebia e combinava, para depois acelerar rapidamente sobre a linha defensiva adversária, criando alguns desequilíbrios.

O Benfica com bola apresentava uma nuance para superar a pressão adversária: optava por uma construção a três, sendo Kokçu o responsável por baixar para a linha defensiva na fase de construção, ora no meio, ora mais à esquerda. Florentino fixava-se no meio, nas costas na primeira linha de pressão, os laterais projetavam-se nos corredores, e três jogadores no espaço entrelinhas (alas e um médio), para fixar os médios do Sporting.

Com isto a equipa tinha superioridade numérica na construção, fazia a bola circular e encontrava melhor o espaço nas costas da pressão. Conseguia depois atrair o Sporting a um corredor, para fazer a bola variar rapidamente de corredor (muitas vezes com passe longo), criando situações de finalização a partir daí.

Sem bola, o Sporting organizava-se em 4-4-2, com Trincão e Gyokeres na primeira linha de pressão. Contudo, era menos pressionante na primeira fase do que no dérbi anterior e mostrava menos capacidade de controlar o espaço nas costas da primeira pressão. Florentino, ora sozinho ora com outro médio em apoio, ia conseguindo estar livre nesse espaço e fazer avançar a bola.  Ele que tinha sido substituído ao intervalo no confronto anterior e acabou este jogo com o prémio de homem do jogo.

Por isso, sem tanta capacidade de parar a construção, o Sporting tinha de se organizar um pouco mais atrás, com um bloco mais coeso. Perante isto, com o tempo, a equipa tentou ajustar-se, fazendo subir em alguns momentos João Simões para encostar próximo de Florentino e tentar controlar melhor esse espaço. A equipa foi também tentando subir as linhas e pressionar mais à frente.

O jogo manteve o registo e equilíbrio até ao fim, mesmo com as substituições de parte a parte, que procuraram sobretudo manter as equipas frescas e coesas, sem grandes alterações estratégicas.

Um jogo em que ambas equipas foram intensas e competitivas, com períodos em que cada uma esteve um pouco melhor. Equilíbrio esse que levou à decisão por penaltis, também eles definidos com grande competitividade e equilíbrio.

Fonte: Mais Futebol

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

Exit mobile version