Análise liderada e apresentada pelo investigador João Duarte, a pedido de um grupo de sócios das águias, entre os quais Marco Galinha, para melhor entender a situaçao financeira do clube
João Duarte, investigador da NOVA SBE e autor do estudo sobre a Análise Económico-Financeira das contas do Benfica, apresentou-o esta sexta-feira, em Lisboa, onde tirou várias conclusões sobre o modo de gestão da direção encarnada, nomeadamente da presidida por Rui Costa.
Com uma análise baseada em dados públicos (como o relatório de contas do Benfica, em dados da FPF e também do Transfermarkt), o investigador começou por citar o passivo de 483 milhões de euros que o Benfica enfrenta atualmente, avisando também que o clube apresenta uma dívida, em particular, de 61 milhões de euros, que terá de ser saldada no prazo de um ano.
O estudo, que analisou as contas do clube desde a época desportiva de 2011/12, afirma que o clube da Luz, desde então, ficou com um prejuízo financeiro de 47 milhões de euros, 38 milhões dos quais foram acumulados nos últimos três anos, durante a direção de Rui Costa.
Como se tem, então, financiado o Benfica, sem injeção de capitais externos? Através de dívida, como explicou João Duarte: à falta de investimento externo, os prejuízos acumulados foram financiados com empréstimos, ou seja, por dívida. Nos últimos quatro anos, a dívida líquida duplicou – aumentou de 100 milhões de euros para 200 milhões. Assim, no mesmo período, a despesa passou de sete milhões de euros anuais, para 16 milhões de euros por ano.
Deste modo, o investigador defendeu mesmo que, «quase num cenário de melhor gestão, a dívida não vai diminuir» em breve. Aliás, é esperada um aumento da dívida do Benfica durante os próximos anos.
O estudo também analisou o impacto que a compra e venda de jogadores teve nas contas do clube, de onde uma das maiores conclusões concerne o aumento de 200% no valor da compra de futebolistas no último triénio.
Comparando o período entre as épocas de 2016/17 a 2018/19 e de 2021/22 a 2023/24, no primeiro período, a média anual de vendas, por ano, foi de 112 milhões de euros e, no segundo, foi de 146 milhões. Ou seja, neste aspeto, houve um aumento de 30% no valor bruto recebido pela venda de jogadores.
Por outro lado, no triénio pré-covid, o valor bruto de compras de jogadores foi de apenas 27 milhões de euros anuais, valor que aumentou em 200% para os anos pós-covid, e que ficou cifrado nos 81 milhões de euros.
Outro aspeto fulcral do estudo foi o investimento realizado pelo Benfica em serviços de intermediação nas transações de jogadores que, entre 2021 e 2023, tiveram um custo de 53 milhões de euros para o clube.
Assim, no último triénio, dos 65 milhões de euros brutos que o Benfica ganhou entre compras e vendas de jogadores, apenas 10 milhões entraram nos cofres dos encarnados.
O que, segundo o estudo, é o mesmo que dizer que, por cada euro ganha entre compras e vendas, o Benfica arrecadou apenas 15 cêntimos. Utilizando a mesma analogia para avaliar os gastos em intermediações dos dois maiores rivais do Benfica, o Sporting ganhou 84 cêntimos por cada euro ganho e o FC Porto 28 cêntimos.
Por fim, segundo João Duarte, o dinheiro que se perde neste aspeto deve-se a custos de intermediação, compromissos com terceiros e mecanismos de solidariedade.
Fonte: A Bola