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Friday, December 19, 2025
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Conselheira da ONU diz que exclusão de jovens causa instabilidade na África

Resumo

A conselheira especial da ONU para a África, Cristina Duarte, alerta que as democracias em muitos países africanos falharam em promover a inclusão económica, levando à marginalização de milhões de jovens, que constituem mais de 75% da população do continente. Segundo Duarte, a exclusão dos jovens está ligada à instabilidade e conflito em várias nações africanas, com mais de 85% dos empregos para jovens entre os 15 e 35 anos a serem informais. A falta de oportunidades e empregos está a gerar insatisfação e frustração. Duarte destaca a necessidade de criar 18 milhões de empregos anualmente em África, mas atualmente apenas 3 a 5 milhões são criados, levando a uma alta informalidade. A conselheira defende que o Estado deve criar condições para o setor privado gerar empregos, incluindo apoio a novos empreendedores.

As democracias em muitos países africanos não criaram inclusão econômica, resultando na marginalização de milhões de jovens, que representam mais de 75% da população do continente. A avaliação é da conselheira especial da ONU para a África, Cristina Duarte. 

Para ela, existe uma relação clara entre exclusão dos jovens, instabilidade e conflito, que afetam muitas nações africanas.

Informalidade acima de 85%

Em entrevista para a ONU News, Cristina Duarte afirmou que a precariedade dos empregos e a falta oportunidades são uma grande fonte de insatisfação para os africanos entre 15 e 35 anos.

Cristina Duarte analisa a crise das democracias na África

“Eles têm razão para estar insatisfeitos. Eles têm razão para estar zangados. Eles têm razão para estar furiosos. No intervalo etário de 15 a 35 anos, o emprego informal está acima de 85%. Se tu és um jovem africano, o que o teu continente te oferece é um emprego informal, instável, que não te permite sustentar a tua família, que não te permite pôr os teus filhos na escola”.

A alta funcionária da ONU afirmou que a raiz do problema é a ausência do Estado, que já deveria estar mais sólido após 60 anos de independência. Para ela, essa fragilidade institucional faz com que grandes grupos socioculturais sejam prejudicados.

Demanda de 18 milhões de novos empregos anuais

“Estamos a falar de uma massa jovem populacional completamente marginalizada e excluída. O que eu posso dizer é o seguinte: África precisa de criar 18 milhões de empregos anuais. Tem vindo a criar, em média, só 3 a 5 milhões. Quer dizer, 15 milhões anualmente vão para a informalidade. O Estado dificilmente terá capacidade de criar isto. Mas o Estado tem a responsabilidade de criar todos os ecossistemas para o setor privado gerar empregos”.

Cristina Duarte considera que o setor privado precisa ser compreendido de uma forma mais ampla, levando-se em conta não apenas grandes empresas, mas também o potencial de novos empreendedores.

Jovens participam do WakaWell Hackathon para desenvolver soluções digitais para uma migração segura e informada
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Criatividade, energia e vontade

“Aquele jovem pode ser um potencial setor privado, desde que o Estado crie o ecossistema, por exemplo, de educação em termos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, dando instrumentos para aquele jovem conseguir o emprego por ele próprio, porque ele já conseguiu no mercado informal. Já está a sobreviver, já provou que também tem criatividade, já provou que pelo menos tem energia, já provou que pelo menos tem vontade. E se a gente adicionar uma educação? O que aquele jovem poderá fazer? Quantos mais empregos ele poderá gerar?”.

A conselheira especial acredita em uma divisão de papéis na qual o Estado tem a responsabilidade de criar ecossistemas favoráveis e o jovem a iniciativa de criar seu próprio emprego.

Para ela, se os Estados não criam essas condições, eles estão condenando os jovens à marginalização e com isso “toda nação é condenada à instabilidade”.

Na primeira parte da entrevista, Cristina Duarte citou outros temas relevantes para a África como justiça reparatória, instabilidade política que inclui golpes de Estados em vários países do continente e controle de recursos incluindo fluxos financeiros.

*Felipe de Carvalho é redator da ONU News.

Fonte: ONU

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