A equipa de Filadélfia procura conquistar o segundo campeonato da sua história, mas pela frente têm o mesmo adversário que evitou que isso acontecesse em 2023. Saquon Barkley, que não esteve na final de há dois anos, pode ser a chave de um desfecho diferente
Passaram apenas dois anos desde que os Filadélfia Eagles jogaram pela última vez num Super Bowl, mas a equipa que vai entrar em campo em Nova Orleães é bastante diferente daquela que perdeu por 38-35 frente aos Kansas City Chiefs em fevereiro de 2023. Desde logo, Jason Kelce, icónico center dos Eagles e irmão do jogador dos Chiefs,Travis Kelce, retirou-se no fim da temporada passada que terminou com uma derrota humilhante na primeira ronda dos playoffs frente aos Tampa Bay Buccaneers (33-16).
O percurso dececionante na ressaca da derrota no Super Bowl motivou a contratação de Saquon Barkley, o melhor jogador dos New York Giants, um dos maiores rivais dos Eagles. Apesar das dúvidas em relação à sua forma física- fez uma rotura dos ligamentos cruzados anteriores do joelho direito em 2020-, Saquon registou a melhor época da carreira com mais de 2000 jardas de corrida na temporada regular e mais de 100 em cada jogo dos playoffs, números astronómicos para um running back.
O arranque mais lento de Saquon Barkley, com dois jogos com menos de 100 jardas nos primeiros quatro com a camisola dos Eagles, coincidiu com um início temporada mais tremido de toda a equipa que quase precipitou o despedimento de Nick Sirianni. Contudo, depois de um arranque com duas vitórias e duas derrotas, a equipa de Filadélfia, embalada pelo vencedor do prémio de melhor Jogador Ofensivo da Liga e um dos candidatos ao MVP, apenas perdeu por uma vez nas últimas dezasseis partidas.
Depois de anos em que alternou batalhas contra problemas físicos com excelentes temporadas individuais perdidas no meio de um caos coletivo, o dia de hoje pode marcar o canto do cisne para Saquon Barkley no dia do seu 28.º aniversário. Nesta narrativa digna de um livro de ficção, a defesa dos Chiefs, uma das melhores da Liga a defender a corrida, pode ser a vilã de uma história com o mesmo fim de 2023.
A temporada extraordinariamente produtiva de Saquon Barkley, pilar de uma estratégia ofensiva focada no jogo de corrida e na segurança com bola é complementada pela melhor defesa da Liga, viciada em roubar a bola aos adversários.
Ninguém concedeu menos jardas aos adversários do que os Eagles, que renovaram o setor defensivo, nos últimos dois anos, a partir do Draft e de contratações cirúrgicas no mercado livre. Numa unidade disciplinada destaca-se Zack Baun que, depois de quatro temporadas como suplente dos Saints, volta a Nova Orlães como um dos defensores em melhor forma da Liga e uma das revelações da época, aos 28 anos.
Uma vitória de Filadélfia passa obrigatoriamente por uma defesa capaz de pressionar o génio de Patrick Mahomes, um dos melhores da liga, até com pouco tempo para pensar, e cortar a sua linha de passe favorita- Travis Kelce.
Ainda assim, ao contrário de 2022 em que os Chiefs venciam jogos através do ataque, esta temporada falamos de uma equipa que não precisa de marcar muito para sair vitoriosa. Os bicampeões em título optam por um jogo de paciência, habitualmente decidido nos últimos segundos, no qual o adversário raramente ultrapassa os 20 pontos marcados
Saquon Barkley terá marcação ainda mais apertada do que o habitual, que poderá precipitar maior protagonismo para Jalen Hurts. O papel do quarterback de 26 anos mudou bastante depois do Super Bowl de 2023, onde teve uma das melhores exibições da carreira, mas viu a sua equipa perder por três pontos nos segundos finais.
Dois anos volvidos, Hurts não é o coração ofensivo desta equipa, mas sim o cérebro que orquestra, de forma mais eficiente que em épocas anteriores, um modelo assente na manutenção da bola. Apesar da abordagem mais conservadora, o norte-americano está longe de ser apenas um gestor de jogo, até pelas armas ofensivas que tem, tanto no ar como no jogo de corrida.
Caso Saquon esteja a ser anulado e seja preciso marcar pontos, Jalen Hurts vai ser obrigado a lutar contra os fantasmas do passado, aguentar a pressão e assumir a capa de super-herói que guardou no cacifo do seu balneário do início da época. Curiosamente, poderá fazê-lo contra um equipa que tem como quarterback suplente Carson Wentz, precisamente o jogador que Hurts substituiu quando assumiu a titularidade dos Eagles.
Numa noite de narrativas prontas a ser escritas, a história de encantar da conquista do segundo Super Bowl da história dos Filadélfia Eagles passa por uma defesa disciplinada com marcação apertada, um running back de classe mundial e um jogo de passe pronto a ser ativado nos momentos cruciais.
Do lado vermelho, os Chiefs procuram um inédito tricampeonato na era do Super Bowl. Do lado verde, os Eagles querem voltar evitar que uma equipa ganhe três seguidos depois de o terem feito aos Patriots do histórico Tom Brady em 2018.
Fonte: A Bola