Crise Cambial é um dos principais obstáculos actuais da economia do sector privado – Paulo Oliveira

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A crise cambial tornou-se um obstáculo significativo para a economia moçambicana. Empresas enfrentam dificuldades para importar produtos essenciais, afetando diversos sectores e comprometendo a competitividade do País. A CTA alerta para a necessidade de uma acção urgente do Banco de Moçambique e do Governo, propondo medidas para aliviar a pressão sobre a disponibilidade de divisas. O futuro da economia moçambicana dependerá, em grande medida, da capacidade das autoridades e do sector privado em encontrar soluções eficazes e sustentáveis para esta crise.

Crise Cambial e Impacto no Setor Privado

Para a CTA, a falta de divisas no mercado tem sido uma das principais preocupações actuais do sector privado. A agremiação conduziu um estudo exaustivo para avaliar a dimensão do problema, que se traduz em atrasos nos pagamentos ao exterior e dificuldades operacionais para empresas em vários sectores.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Paulo Oliveira, Presidente do Pelouro des Servicos de Comunicação e Informação da CTA, em entrevista exclusiva  ao “Semanário Economico”,  sublinha que o problema não está apenas do lado dos bancos comerciais, como inicialmente indicado pelo Banco de Moçambique, mas reflecte uma escassez real de moeda estrangeira no sistema financeiro. O estudo revelou que 63 empresas relataram dificuldades para efetuar pagamentos no exterior, acumulando um montante de 373 milhões de dólares em transações pendentes.

As Consequências para a Economia

A crise cambial tem efeitos directos na economia, afectando sectores como a indústria, aviação e comércio. A escassez de divisas compromete a importação de insumos essenciais, o que pode gerar rupturas no abastecimento, aumento dos preços e até perda de empregos.

No sector automóvel, há veículos parados por falta de peças de reposição. Na aviação, algumas companhias aéreas alertaram que poderão deixar de vender bilhetes em território moçambicano, o que pode encarecer as viagens e reduzir a conectividade do País com o mundo. No sector industrial, a falta de matérias-primas já começa a impactar a produção.

Além dos prejuízos financeiros, há um impacto reputacional significativo. Empresas moçambicanas começam a enfrentar dificuldades na relação com fornecedores estrangeiros devido aos incumprimentos nos pagamentos, o que compromete a credibilidade do País no comércio internacional.

Propostas da CTA para mitigar a crise

A CTA propõe medidas concretas para aliviar a pressão cambial. Entre elas, defende que o Governo incentive ou exija a repatriação de receitas dos Grandes Projectos para reforçar as reservas de divisas. Segundo Oliveira, se a totalidade dos capitais das exportações de recursos naturais fosse mantida no País, não haveria um problema de escassez de moeda estrangeira.

A organização empresarial também sugere um aumento da conversão obrigatória de receitas em moeda estrangeira pelos exportadores, de 30% para 50%, bem como a intervenção do Banco de Moçambique para garantir divisas para a importação de combustíveis. Medidas como a redução temporária dos níveis de reservas obrigatórias também foram apresentadas ao regulador como forma de aliviar a pressão sobre os bancos comerciais.

Perspectivas para 2025

Paulo Oliveira acredita que o primeiro trimestre de 2025 será desafiador, marcado pelo impacto das manifestações pós-eleitorais e pela redução da produção agrícola. No entanto, está optimista de que, com diálogo entre o sector privado e o Governo, será possível melhorar a situação económica no segundo semestre.

O entrevistado destaca que o Governo tem mostrado disponibilidade para ouvir e aceitar algumas propostas do sector privado. 

“Com medidas coordenadas e um esforço conjunto para melhorar o ambiente de negócios, Moçambique pode superar os desafios actuais e recuperar a confiança dos investidores e parceiros comerciais”. Sublinha Paulo Oliveira

Fonte: O Económico

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