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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Especialistas alertam que a valorização estratégica dos dados exige infra-estruturas, regulação robusta e literacia digital para transformar informação em inclusão, inovação e soberania.
A digitalização crescente da economia moçambicana reforça a perceção dos dados como um dos recursos mais valiosos do século XXI. Tal como o petróleo na era industrial, os dados despontam como a nova commodity capaz de gerar inovação, riqueza e competitividade. Mas o país enfrenta obstáculos estruturais que podem comprometer a sua soberania digital e limitar o impacto da transformação em curso.
Em Moçambique, a utilização intensiva de dados já se reflete no setor financeiro, no comércio eletrónico e em startups que aplicam tecnologias digitais em áreas como agricultura inteligente, logística, saúde e microcrédito. O potencial para criar soluções inovadoras e atrair investimento é evidente.
No entanto, como destacou a última conferência do Índico sobre transformação digital, a valorização estratégica dos dados continua a esbarrar em lacunas críticas: infra-estruturas frágeis, ausência de um quadro regulatório robusto, baixos níveis de literacia digital e dependência de plataformas estrangeiras para armazenamento e gestão da informação. Essa dependência coloca em causa a soberania de dados e reduz o retorno económico para o país.
Especialistas ouvidos defendem a necessidade de um ecossistema de governança digital que una Estado, setor privado e academia. “Para alcançar o crescimento digital inclusivo, Moçambique deve focar em investimento em conectividade, quadro regulatório e parcerias público-privadas”, sublinhou José Nhapossa, do ENPCT.
O sector industrial também integra os dados no seu plano estratégico. Paulo Chibanga, Presidente da AIM, afirmou que a transformação digital e a utilização de dados são pilares para acelerar a industrialização e a competitividade das pequenas e médias indústrias.
Na banca, a digitalização permite abertura de contas digitais, maior formalização da economia e combate ao branqueamento de capitais. Porém, como alerta Carlos Roxo Jerónimo, da PwC, sem estruturas de dados organizadas e reguladas, o risco é fragilizar a confiança do público e dificultar a transparência do sistema.
Iniciativas como o DiGi Project, da Machel Fidus, que pretende capacitar um milhão de jovens em cinco anos, mostram que a aposta em literacia digital pode preparar as futuras gerações para um mundo cada vez mais data-driven.
No entanto, o consenso entre especialistas é claro: para que os dados se tornem de facto a nova commodity do desenvolvimento, Moçambique terá de avançar com um quadro regulatório adequado, reduzir a dependência tecnológica externa e investir em capacitação, assegurando que o recurso mais valioso da era digital contribui para inclusão e soberania económica.
Fonte: O Económico