Daniel Chapo exige administradores com ambição, acção e compromisso com a transformação do distrito

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O Presidente da República, Daniel Chapo, traçou um novo paradigma para a liderança local em Moçambique ao discursar esta quarta-feira, 30 de Julho, na IX Reunião Nacional dos Administradores Distritais, que decorre em Vilankulo, província de Inhambane. Num discurso extenso, carregado de simbolismo, firmeza e propósito político, Chapo apresentou o perfil de liderança distrital com que pretende contar neste novo ciclo de governação: uma liderança proactiva, dialogante, próxima das comunidades, com foco nos resultados concretos e sustentáveis.

Perante os 154 administradores distritais recentemente nomeados — dos quais 42 são mulheres, representando 27% do total —, Chapo foi directo ao ponto: “Precisamos de dirigentes comprometidos com a transformação real das condições de vida das comunidades. Cada administrador deve conhecer o seu distrito, sentir o seu povo e agir com responsabilidade e visão”. O Chefe de Estado deixou claro que não quer administradores de gabinete, mas sim líderes com os pés bem assentes na realidade local, capazes de planificar com base em dados e executar com eficácia.

Na presença de governadores provinciais, secretários de Estado, membros do Governo Central e outros quadros séniores da administração pública, o Presidente reiterou que o distrito deve ser mais do que um receptor de ordens superiores: “O distrito deve ser o núcleo de liderança local, espaço de inovação, território de planificação estratégica e centro de decisões públicas informadas pelas necessidades e potencialidades das comunidades locais”, afirmou Chapo.

Para o Presidente, este é o momento de abandonar os discursos vazios e o marasmo institucional: “A população não se alimenta de promessas. Espera resultados tangíveis. Por isso, queremos administradores que saibam planificar, mobilizar recursos, formar parcerias e, sobretudo, escutar e dialogar com o seu povo”. E acrescentou: “Cada administrador deve ter um plano concreto de desenvolvimento. Um plano que promova a industrialização local, o emprego digno e a valorização dos recursos endógenos”.

Daniel Chapo fez uma forte defesa da independência económica como bandeira do seu mandato e vincou que essa caminhada começa nos distritos: “É no distrito que se lançam os alicerces da nossa independência económica. Temos que transformar os nossos recursos naturais em riqueza concreta para as comunidades. Temos jovens com talento, mares, terras férteis e minerais estratégicos. Está tudo nas nossas mãos. Só falta vontade e liderança”, declarou, com veemência.

Numa das passagens mais pedagógicas do seu discurso, o Presidente invocou o sociólogo sul-africano Greg Mills, autor da obra “Porque é que a África é pobre”, para sublinhar que o subdesenvolvimento de muitos países africanos é resultado da má governação e da falta de compromisso com o bem-estar dos povos. “Greg Mills diz que a África é pobre porque os seus líderes escolheram ser pobres. Nós escolhemos o caminho contrário. Escolhemos tirar o nosso povo da pobreza. E vocês, administradores, são os protagonistas dessa missão patriótica”, disse Chapo, arrancando aplausos da audiência.

O Chefe de Estado explicou que o sucesso do Governo depende da actuação dos administradores distritais, que são os primeiros interlocutores do Estado com as populações: “O administrador é o rosto do Estado no território. É ele quem traduz os compromissos do Programa Quinquenal do Governo em acções concretas no terreno. É ele quem deve articular com as forças vivas do distrito — sociedade civil, líderes religiosos e tradicionais, jovens, mulheres, crianças, académicos, jornalistas, agentes económicos — todos são nossos parceiros no desenvolvimento”.

Chapo recordou ainda que o Governo aprovou recentemente o Decreto n.º 4/2025, de 5 de Março, que cria o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), um instrumento destinado a financiar iniciativas empreendedoras nos distritos e nas autarquias, com foco na produção, criação de emprego e geração de renda. O fundo será oficialmente lançado esta terça-feira em Vilankulo. “O FDEL é um marco. Mas deve ser bem gerido. Queremos seriedade, responsabilidade e transparência. Já vimos fundos semelhantes fracassarem por má gestão. Não podemos repetir os mesmos erros”, alertou.

O Presidente sublinhou que o administrador distrital não deve apenas executar o orçamento do Estado, mas deve ter capacidade para atrair investimento nacional e estrangeiro, remover barreiras burocráticas e criar um ambiente propício ao desenvolvimento local. “O administrador deve ser facilitador, não um obstáculo. Deve saber identificar as potencialidades do distrito, desbloquear processos, acelerar licenças, viabilizar projectos e promover cadeias de valor locais”, reforçou.

Num apelo à inclusão, Chapo destacou que a boa governação requer abertura ao diálogo e respeito à diversidade. “O administrador deve estar preparado para escutar o pescador de Mogincual, o camponês de Muidumbe, o professor de Guijá, a jovem empreendedora de Morrumbala. Todos contam. Todos têm voz. Todos são Moçambique”, disse, elevando o tom emocional do seu discurso.

Sobre o futuro imediato, o Presidente indicou que este novo ciclo será de “escuta activa, responsabilização e valorização da base”, com administradores sob constante escrutínio dos órgãos centrais e das próprias comunidades. “Terão apoio político e institucional. Mas serão avaliados pelos resultados que conseguirem produzir”, advertiu.

Durante a reunião, os administradores terão sessões técnicas sobre planificação, orçamento, ética, combate à corrupção, protecção civil, segurança pública, agricultura, desenvolvimento local e protocolo de Estado. Chapo deixou um apelo final para que todos os participantes contribuam activamente para que a reunião seja um espaço de aprendizagem e partilha. “Não estamos aqui para monólogos. Estamos aqui para dialogar, partilhar boas práticas e construir soluções. Saímos daqui não como chefes, mas como líderes preparados para transformar os nossos distritos”, afirmou.

O encontro, segundo o Presidente, marca o arranque de um novo ciclo de governação territorial, com o distrito como unidade estratégica para o desenvolvimento de Moçambique. “Façamos do distrito não apenas um espaço administrativo, mas um verdadeiro polo de esperança, inovação e progresso. Essa é a nossa missão. Esse é o nosso compromisso com o povo moçambicano”, concluiu Chapo, num tom inspirador e determinado.

 

Fonte: O País

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