Resumo
O treinador Daúde Razaque da União Desportiva do Songo fala sobre a sua época histórica, vencendo o Moçambola e a Taça de Moçambique. Destaca-se o domínio competitivo, futebol atrativo e 17 vitórias no campeonato. Razaque explica que aceitou o desafio devido ao projeto apresentado pelo clube e não por emoção ou passado. Ao chegar, encontrou uma equipa em reconstrução, tendo que ajustar a identidade de jogo à equipa existente. Destaca a importância da união entre direção, equipa técnica e staff para o sucesso da época.
Por Artur Manhique
LANCEMZ: : O que pesou mais na decisão de regressar ao activo depois de quatro anos e aceitar a proposta da União Desportiva do Songo?
DAÚDE RAZAQUE: Tem muito mais a ver com a questão do projecto. Ou seja, foi o projecto em si que me convenceu a aceitar este desafio. Caso contrário, não o teria feito. Não sou treinador de aceitar projectos apenas por emoção ou por passado. Se não acredito naquilo que me é apresentado, prefiro não avançar.
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LANCEMZ: Na sua chegada ao clube, encontrou uma equipa em reconstrução, marcada por várias saídas e entradas. Que desafios isso colocou desde o primeiro dia de trabalho?
DR: Por acaso, quando cheguei, penso que foi um pouco tarde, porque apanhei já a equipa praticamente com a estrutura feita. A partir daí, tive de fazer alguns ajustes. O grande desafio teve a ver com aquilo que acontece sempre quando se contrata um treinador: contrata-se também uma identidade, uma ideia de jogo. E essa identidade está muito ligada às características dos jogadores. Nem sempre temos os jogadores ideais para implementar todas as dinâmicas do nosso modelo, então o desafio foi adaptar-me ao que tinha.
Ao mesmo tempo, tive a facilidade de contar com um presidente e com directores que nos ajudaram a mudar aquilo que era necessário, dentro das possibilidades do clube. Isso é fundamental. A união entre direcção, equipa técnica, directores e todo o staff foi, sem dúvida, um dos grandes segredos desta época.
LANCEMZ: Que objectivos foram definidos internamente no início da época, tendo em conta esse contexto de reconstrução do plantel?
DR: Quando fui contratado, foi-me pedido que rejuvenescesse o plantel e que baixasse a média de idades. Mas isso não se faz de um dia para o outro. Mesmo assim, conseguimos reduzir um pouco a faixa etária. Mas sem nunca perder o foco principal, que é ganhar títulos. Um clube da dimensão da União Desportiva do Songo não pode abdicar desse objectivo. Felizmente, conseguimos atingir os dois títulos com muita dignidade, honra, empenho e qualidade. Pelo meio houve desafios, como em qualquer trajecto, mas penso que o trabalho foi bem feito.
LANCEMZ: As primeiras jornadas da época ficaram marcadas por um arranque menos positivo. Na sua leitura, o que estava a falhar nessa fase inicial?
DR: Eu costumo dizer que o sucesso é consequência de disciplina, consistência e união. Mas, neste caso, penso que teve muito a ver com o facto de sermos um grupo novo. Quando se contrata um treinador, cada um vem com uma ideia, uma identidade. Jogadores, treinadores, direcção, staff… todos estavam ainda a conhecer-se.
E há algo que muitas vezes se esquece: antes de sermos treinadores ou jogadores, somos homens. É importante conhecer o carácter de cada um, perceber como reage, como pensa. Quando fizemos essa avaliação, quando cada um começou a ocupar o seu espaço, as coisas começaram a correr bem. (LANCEMZ)
Fonte: Lance






