Resumo
Doenças crónicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, são uma preocupação crescente em Moçambique, afetando as famílias devido à disponibilidade de alimentos ultraprocessados nos mercados informais. A falta de acesso a frutas e legumes frescos, aliada ao sedentarismo e à falta de políticas de saúde eficazes, agrava os problemas de saúde. A pressão económica nas famílias é evidente, com jovens ignorando sintomas iniciais e trabalhadores faltando ao trabalho devido a doenças como diabetes e AVC. A desigualdade no acesso ao tratamento é um problema, com a maioria dependendo de hospitais públicos sobrecarregados. Especialistas alertam para a necessidade de campanhas de sensibilização e programas escolares sobre alimentação saudável, rastreios regulares de saúde e políticas urbanas para promover a prática de desporto. A inação pode ter consequências graves para o país.
Em Moçambique, doenças crónicas não transmissíveis — como hipertensão, diabetes e patologias cardiovasculares — têm-se tornado uma preocupação crescente para a saúde pública. Embora muitas vezes invisíveis nas estatísticas oficiais, esses males afectam directamente o cotidiano das famílias, revelando um cenário de vulnerabilidade social e de desigualdade no acesso à saúde.
Nos mercados informais, onde grande parte da população realiza suas compras, alimentos ultraprocessados, ricos em sal e açúcar, são mais acessíveis do que frutas e legumes frescos. Essa realidade, aliada ao sedentarismo e à ausência de políticas eficazes de promoção da saúde, contribui para o agravamento de quadros clínicos evitáveis.
A pressão económica sobre as famílias é evidente. Jovens, por falta de informação, ignoram os sintomas iniciais e só procuram ajuda médica quando a doença já está em estágio avançado. Trabalhadores afectados por crises de diabetes ou AVC acabam por faltar ao trabalho, o que impacta a produtividade e sobrecarrega o sistema de saúde.
A desigualdade no acesso ao tratamento é outro factor crítico. Enquanto uma minoria com recursos financeiros recorre a clínicas privadas, a maioria depende de hospitais públicos, frequentemente sobrecarregados e carentes de medicamentos essenciais e de equipamentos adequados.
Especialistas alertam que essas doenças não devem ser tratadas como secundárias. Elas se desenvolvem silenciosamente, corroendo o tecido social e económico do país. Para enfrentar esse desafio, é urgente implementar campanhas de sensibilização sobre os riscos do consumo excessivo de refrigerantes e de frituras, além de promover programas escolares voltados para hábitos alimentares saudáveis. Rastreios regulares de pressão arterial e glicemia nos centros de saúde, bem como políticas urbanas que incentivem a prática de desporto acessível, são medidas fundamentais para conter o avanço dessas enfermidades.
Sem acções concretas, Moçambique corre o risco de transformar doenças preveníveis em tragédias diária.






