DOENTES QUE MORREM NA ESTRADA: o drama do transporte hospitalar em Moçambique

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Por: Sara seda

Em Moçambique, são muitas as histórias de doentes que não chegam ao hospital, não por falta de sorte, mas por falta de ambulâncias, de estradas transitáveis, de um sistema de saúde minimamente funcional. Morre-se em movimento, entre a casa e o centro de saúde, entre a esperança e o desespero. Este é um drama real, vivido todos os dias, longe das estatísticas oficiais e dos discursos sobre o progresso na saúde.

É uma realidade que se agrava a cada dia, sobretudo nas zonas rurais e recônditas. Em muitos distritos, a distância, que já é longa, torna-se ainda penosa quando a estrada é de terra batida, cheia de buracos, alagada ou simplesmente intransitável. Quando alguém adoece com gravidade, a única ambulância disponível pode estar avariada, a centenas de quilómetros, ou simplesmente não existir.  O transporte é improvisado, os próprios familiares são forçados a carregar os seus doentes às costas como a única opção, pois, em situações de emergência, cada minuto conta e, quando o transporte hospitalar é uma ilusão, o tempo torna-se inimigo mortal.

Estas tragédias repetem-se há anos, e ainda assim, são normalizadas. Um país que conhece as suas fragilidades há décadas não pode continuar a ignorá-las como se fossem inevitáveis. Onde estão os planos para expansão da rede de transporte médico? Onde está o investimento em ambulâncias devidamente equipadas, com profissionais preparados para intervir em primeiros socorros?

Muitos destes óbitos seriam evitáveis. A crise no transporte hospitalar é apenas um reflexo do sistema de saúde moçambicano: frágil, subfinanciado e, por vezes, negligente, recursos mal distribuídos, ambulâncias escassas, muitas vezes mal conservadas e sem o mínimo de equipamento para realizar primeiros socorros, não tem equipamento básico de suporte à vida.

É inaceitável que uma ambulância sirva apenas como meio de transporte e não como unidade móvel de estabilização de doentes. Investir em ambulâncias devidamente equipadas, capacitar técnicos de emergência deve ser uma prioridade no acesso aos serviços básicos.  Moçambique não pode continuar a aceitar como normal que pessoas morram por falta de transporte médico digno. Não se pode  tratar a saúde pública como um favor ao povo. É um direito.

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