Acordo comercial EUA–Reino Unido e postura prudente da Reserva Federal sustentam o dólar frente às principais divisas, enquanto tensões na Ásia e reacções mistas nos mercados limitam o ímpeto
O dólar norte-americano encaminhava-se, esta sexta-feira, 9 de Maio, para um desempenho semanal positivo frente à maioria das principais divisas globais, impulsionado por sinais de distensão nas relações comerciais entre os EUA e a China, um novo acordo com o Reino Unido e a percepção de que a Reserva Federal não pretende, para já, avançar com cortes nas taxas de juro.
Negociações na Suíça e Acordo EUA–Reino Unido Renovam Sentimento Positivo
Os mercados dirigem-se para o fim-de-semana com o foco centrado nas negociações comerciais entre Washington e Pequim, agendadas para sábado, 10 de Maio, na Suíça. O ambiente foi reforçado pelo anúncio de um acordo comercial de “termos gerais” entre os Estados Unidos e o Reino Unido, que ampliou marginalmente o acesso agrícola bilateral e reduziu tarifas sobre automóveis britânicos, mantendo, no entanto, a taxa base de 10% sobre a maioria dos produtos.
Segundo Steve Englander, chefe de pesquisa cambial do Standard Chartered,
“A reacção dos mercados na compra de dólares reflecte um maior optimismo de que tais acordos tarifários são viáveis. A perspectiva de Trump de uma distensão comercial com a China pode estar a aumentar o optimismo de que a perturbação global das guerras comerciais pode não ser tão grave como se temia.”
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Euro e Iene Enfraquecem; Libra Desilude Após Subida Inicial
A volatilidade no mercado cambial permaneceu alta. O euro caiu cerca de 0,6% na semana, atingindo o mínimo de um mês em US$ 1,1197, enquanto o iene japonês enfraqueceu 0,4% e estabilizou na marca dos 145,48 por dólar, após tocar os 146,18.
A libra esterlina, que inicialmente reagira positivamente ao acordo EUA–Reino Unido, inverteu ganhos e desvalorizou-se para US$ 1,3220, o seu nível mais baixo das últimas três semanas.
Fed Sinaliza Prudência e Arrefece Apostas em Cortes Imediatos
Apesar de cortes por parte do Banco de Inglaterra e da Suécia, a Reserva Federal dos EUA manteve as taxas de juro inalteradas. As declarações do Presidente Jerome Powell, salientando elevados níveis de incerteza, levaram os mercados a reverem a probabilidade de um corte já em Junho, que caiu de 55% para 17%.
Este tom mais prudente reforçou o dólar, numa altura em que muitos investidores ajustam as suas expectativas relativamente ao ritmo de afrouxamento monetário por parte do banco central norte-americano.
Moedas da Ásia com Trajectórias Mistas; Rúpia em Forte Pressão
Em contraste com o desempenho do dólar face às divisas do G10, o dólar recuou face a várias moedas asiáticas, nomeadamente após uma valorização inesperada do dólar de Taiwan e da divisa de Singapura, que permanece próxima de máximos de uma década.
A rúpia indiana, contudo, sofreu forte desvalorização, caindo para 85,55 por dólar, e registando a maior perda semanal desde 2022, num contexto de escalada do conflito fronteiriço entre Índia e Paquistão, ocorrido entre os dias 8 e 9 de Maio.
Bitcoin Reforça Risco e Complementa Força do Dólar
Reflectindo um renovado apetite por activos de maior risco, o Bitcoin superou novamente os US$ 100.000, sinalizando que, apesar da valorização do dólar, os investidores mantêm exposição a sectores especulativos, aproveitando o momento de aparente estabilidade nas relações comerciais globais.
Dólar Beneficia da Calma Relativa e Perspectiva Contida da Fed
Num cenário marcado por diplomacia económica e cautela monetária, o dólar continua a consolidar a sua posição como activo-refúgio de referência, beneficiando tanto da incerteza como do alívio parcial das tensões comerciais. No curto prazo, o desempenho da moeda norte-americana dependerá do desenrolar das negociações EUA–China e da evolução dos indicadores económicos que moldarão a próxima decisão da Reserva Federal.
Fonte: O Económico