Resumo
Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, provocou reações nos mercados globais ao sinalizar uma postura mais flexível devido à estagnação do mercado de trabalho e ao bloqueio orçamental em Washington. O dólar norte-americano aprofundou perdas face a outras moedas, com o índice do dólar a descer 0,2%. Powell mencionou a baixa dinâmica do mercado laboral, apesar da paralisação do Governo. Os mercados antecipam cortes nas taxas de juro da Fed, com analistas a descreverem a situação como "Goldilocks". O dólar caiu face ao iene e o yuan chinês valorizou-se. O euro e a libra também registaram ganhos. A desvalorização do dólar reflete expectativas de liquidez global e o fim do ciclo restritivo da Fed, num contexto de incerteza devido às tensões comerciais e à gestão cambial da China.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>As declarações de Jerome Powell reacenderam expectativas de flexibilização monetária nos Estados Unidos e provocaram reacções nas principais moedas globais.
O dólar norte-americano aprofundou as perdas esta quarta-feira, pressionado pelas expectativas de cortes nas taxas de juro da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), após o presidente Jerome Powell ter sinalizado uma postura mais acomodatícia face à estagnação do mercado de trabalho e ao bloqueio orçamental em Washington.
O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda dos Estados Unidos face a um cabaz de seis divisas principais, desceu 0,2%, para 98,84 pontos, prolongando a queda de 0,2% registada na sessão anterior.
Em discurso na terça-feira, Powell afirmou que o mercado laboral norte-americano se encontra “numa fase de baixo dinamismo”, caracterizada por níveis reduzidos de contratação e de despedimentos. Apesar da ausência de dados económicos oficiais devido à paralisação parcial do Governo, o presidente da Fed assegurou que há condições suficientes para avaliar a trajectória da economia.
De acordo com dados da LSEG, os mercados precificam um corte de 25 pontos base na reunião da Fed de 28–29 de Outubro, outro em Dezembro e mais três reduções ao longo de 2026.
Analistas do DBS Bank descrevem o actual cenário como “Goldilocks”: “Os activos de risco mantêm-se sustentados por uma economia sólida, combinada com condições monetárias favoráveis.”
Reacção dos Mercados Cambiais
O dólar caiu 0,4% face ao iene japonês, para 151,23 ienes, depois de ter atingido 151,00 ienes no início do dia. O yuan chinês valorizou-se para 7,1284 por dólar, depois de Pequim ter fixado a taxa de câmbio oficial abaixo do limiar simbólico de 7,1 pela primeira vez desde Novembro de 2024 — um sinal de estabilização cambial proactiva por parte do Banco Popular da China.
O dólar australiano, sensível ao apetite global por risco, subiu 0,4%, para 0,6514 dólares, recuperando das perdas do dia anterior. Já o euro avançou 0,1%, para 1,1621 dólares, enquanto a libra esterlina ganhou 0,3%, para 1,3355 dólares, apoiada por uma correcção técnica após dados de arrefecimento dos salários no Reino Unido.
“As tensões comerciais e a paralisia governamental estão a ser temporariamente colocadas de lado pelos investidores”, referiu um analista da DBS, indicando que o foco principal voltou a ser a política monetária norte-americana.
Contexto Global
A desvalorização do dólar ocorre num contexto de reajuste das expectativas globais de liquidez. Com a inflação a recuar e os sinais de enfraquecimento do mercado laboral, o ciclo restritivo da Fed aproxima-se do fim, o que poderá impulsionar moedas emergentes e activos de risco.
Ao mesmo tempo, a postura mais firme da China na gestão cambial e as tensões comerciais com os EUA continuam a moldar o comportamento do mercado, reforçando a incerteza para o último trimestre do ano.
Fonte: O Económico