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O dólar registou uma forte valorização esta quinta-feira, após um tribunal dos EUA bloquear parte significativa das tarifas comerciais impostas por Donald Trump, provocando uma reacção imediata nos mercados cambiais e sinalizando uma possível inversão no recente enfraquecimento da moeda norte-americana.
A moeda norte-americana subiu abruptamente em reacção à decisão do Tribunal de Comércio Internacional, com sede em Manhattan, que considerou inconstitucionais as tarifas generalizadas impostas por Donald Trump com base em poderes de emergência presidencial. A instância judicial afirmou que a Constituição dos EUA reserva ao Congresso a autoridade exclusiva sobre o comércio internacional.
Embora a Administração Trump tenha apresentado recurso de imediato, a decisão foi suficiente para impulsionar o dólar num contexto marcado pela fragilidade da moeda devido às incertezas associadas à guerra comercial. O dólar avançou 0,72% face ao iene japonês, atingindo 145,86, e subiu 0,63% frente ao franco suíço, para 0,8326. Já o euro recuou 0,42% para $1,1245, enquanto a libra esterlina desvalorizou 0,30% para $1,3432.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda face a seis grandes divisas, voltou a superar os 100 pontos pela primeira vez numa semana. Apesar disso, permanece com uma perda acumulada de 8% desde o início do ano.
Para Yunosuke Ikeda, chefe de pesquisa macroeconómica da Nomura, “num cenário hipotético de reversão total das tarifas, é natural ver uma valorização do dólar”. Ainda assim, a maioria dos analistas permanece cautelosa quanto à duração desta tendência, tendo em conta os desdobramentos legais e políticos ainda em aberto.
“Há uma reacção inicial de fortalecimento do dólar e enfraquecimento do iene. Mas não espero uma subida sustentada do dólar com o processo judicial ainda em curso”, advertiu Hirofumi Suzuki, estratega-chefe de câmbios do SMBC.
Desde a imposição das tarifas em Abril, o dólar perdeu 2% face ao iene, quase 6% contra o franco suíço e 4% face ao euro. Contudo, os mercados retomaram temporariamente posições compradas na moeda americana, na expectativa de uma resolução mais favorável.
A decisão também influenciou os mercados accionistas, com os futuros das acções norte-americanas e as bolsas asiáticas a registarem ganhos, num movimento de recuperação do apetite pelo risco. Dados da LSEG indicam ainda que os traders reduziram as expectativas de cortes nas taxas de juro da Reserva Federal para 42 pontos-base, face aos 50 anteriormente previstos.
A atenção dos investidores está agora centrada nos desenvolvimentos orçamentais no Congresso dos EUA, num contexto de crescente défice público, bem como na evolução das relações comerciais com a União Europeia, após o adiamento por Trump de um plano de imposição de tarifas de 50% sobre produtos europeus.
Fonte: O Económico
