Dólar Em Alta Após Ameaça de Tarifas de Trump, Euro Cai para Mínimos de Dois Anos

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Os mercados cambiais reagiram de imediato ao anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de novas tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio. O dólar valorizou-se na segunda-feira, pressionando o euro e as moedas ligadas a matérias-primas, como o dólar australiano e o dólar neozelandês.

Impacto nos Mercados Cambiais

A moeda europeia caiu 0,1%, negociando-se a 1,0317 dólares, aproximando-se do mínimo de dois anos de 1,0125 dólares registado na semana anterior. O dólar australiano recuou 0,21%, fixando-se em 0,6264 dólares, enquanto o dólar neozelandês desvalorizou 0,12%, atingindo 0,5649 dólares. O dólar canadiano também sofreu uma queda superior a 0,2%, reflectindo o impacto directo da dependência do Canadá do mercado norte-americano, particularmente no sector do alumínio.

A valorização do dólar surge num contexto de incerteza crescente sobre uma potencial guerra comercial global, impulsionada pela ameaça de Trump de introduzir tarifas recíprocas sobre produtos importados de todos os países que taxem bens norte-americanos.

Efeitos das Políticas Comerciais e Resposta dos Mercados

O Presidente dos EUA tem reiterado a necessidade de estabelecer tarifas equivalentes às impostas por outros países sobre produtos americanos. “Se nos cobram, nós cobramos-lhes também”, afirmou Trump, justificando a sua posição com o argumento de que os EUA têm sido prejudicados por práticas comerciais injustas.

O mercado também reagiu a outras preocupações económicas, incluindo os efeitos das tarifas sobre a inflação e a resposta da Reserva Federal. Analistas indicam que o impacto imediato poderá não ser apenas inflacionário, mas também provocar um abrandamento da procura global, introduzindo novas incertezas sobre o crescimento económico.

Charu Chanana, estratega-chefe da Saxo, destacou que a resposta da China poderá ser diferente de ciclos anteriores, uma vez que o país deixou de ser um dos principais fornecedores de aço para os EUA desde a implementação de tarifas em 2018. “O antigo modelo de retaliação não é aplicável, e é possível que vejamos uma reacção diferente por parte de Pequim”, afirmou.

Reserva Federal e Expectativas de Política Monetária

Outro factor a influenciar a trajectória do dólar são as expectativas relativamente à política monetária da Reserva Federal. Funcionários do banco central norte-americano mantiveram uma abordagem cautelosa, alertando que a incerteza económica e a política comercial podem condicionar futuras decisões sobre as taxas de juro.

Os mercados antecipavam anteriormente um corte de 42 pontos base nas taxas ao longo do ano, mas após a divulgação do relatório de emprego norte-americano na sexta-feira, essa projecção foi reduzida para 36 pontos base. A incerteza gerada pela ameaça de tarifas e os seus potenciais impactos inflacionários poderão levar a Fed a manter as taxas num intervalo entre 4,25% e 4,5% ao longo de 2025.

Um Novo Capítulo de Incerteza no Mercado Cambial

O fortalecimento do dólar e a queda do euro e de outras moedas internacionais reflectem a crescente volatilidade nos mercados financeiros, impulsionada pelas políticas comerciais agressivas dos EUA. Com as tarifas sobre o aço e o alumínio prestes a entrar em vigor, e a possibilidade de novas medidas proteccionistas, os investidores continuarão atentos ao impacto destas decisões na economia global e na estabilidade monetária.

Nos próximos dias, a atenção do mercado estará centrada na divulgação de novos dados sobre a inflação nos EUA e no testemunho do Presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, no Congresso norte-americano, onde as tarifas comerciais deverão estar no centro do debate.

Fonte: O Económico

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