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Dólar Em Perda de Fôlego Antes da Reunião da Fed: Investidores Globais Reavaliam

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A moeda norte-americana registou nova desaceleração esta quarta-feira, à medida que os investidores aguardam sinais do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos, num contexto de incerteza económica e crescente desconfiança dos mercados internacionais face aos activos denominados em dólares.

O dólar norte-americano permaneceu pressionado nos mercados cambiais esta quarta-feira, à véspera da reunião da Reserva Federal (Fed), à medida que os investidores manifestam crescente prudência perante a fragilidade da economia dos EUA e as tensões geopolíticas latentes. A saída de capitais dos Estados Unidos tem vindo a acentuar-se, com especial incidência em mercados emergentes de baixo rendimento, cujos investidores optam por repatriar fundos ou diversificar portfólios longe do dólar.

A expectativa em torno da decisão da Fed contribuiu para alguma estabilização momentânea da divisa, após perdas acumuladas desde o início da semana. Ainda assim, os analistas mantêm uma perspectiva pessimista quanto à capacidade de recuperação do dólar. Tony Sycamore, analista da IG, afirma que “o tema da fraqueza do dólar dos EUA não deverá mudar tão cedo”, acrescentando que “há grande incerteza quanto ao grau de exposição de investidores estrangeiros aos activos norte-americanos”.

A instabilidade no mercado cambial estende-se à Ásia, onde várias moedas têm registado volatilidade acentuada. O dólar de Taiwan registou um rali sem precedentes, impulsionado pelo anúncio de tarifas comerciais pelo Presidente Donald Trump a 2 de Abril. A valorização da moeda taiwanesa contagiou outros pares asiáticos, como o dólar de Singapura e o won sul-coreano. Este último, embora tenha alcançado um máximo de seis meses na abertura de quarta-feira, recuou 1,5% nas horas seguintes.

Por sua vez, a China anunciou finalmente um corte nas taxas de juro, através da redução do rácio de reservas obrigatórias dos bancos — a primeira medida do género em 2025 — como forma de estimular a sua economia, a segunda maior do mundo, afectada pela disputa comercial com os EUA.

A eurozona também viu o euro recuar ligeiramente (0,2%) para os 1,1338 dólares, perdendo parte dos ganhos alcançados após a eleição de Friedrich Merz como Chanceler da Alemanha. A movimentação moderada da moeda única contribuiu para a estabilidade momentânea do índice do dólar, que havia caído 0,2% no dia anterior — a terceira sessão consecutiva de perdas.

Entretanto, os mercados aguardam com expectativa a reunião entre os principais negociadores económicos dos EUA e da China, agendada para sábado, em território neutro na Suíça. O Secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e o chefe da negociação comercial, Jamieson Greer, vão encontrar-se com o principal responsável económico do Governo chinês, alimentando a esperança de novos acordos. O Presidente Trump já havia sugerido no domingo a possibilidade de anúncios relevantes nesta semana.

George Saravelos, responsável pela pesquisa cambial do Deutsche Bank, alerta que os movimentos extremos registados em Taiwan “são um aviso claro”. Segundo o analista, “movimentos autoalimentados poderão propagar-se a outras moedas, sobretudo nos casos em que os investidores institucionais estejam expostos a grandes posições em activos denominados em dólares não cobertos”.

O iene japonês, uma tradicional moeda-refúgio, também oscilou, recuando 0,5% após uma valorização de três sessões consecutivas, com o regresso do mercado nipónico após um feriado de dois dias. Já o dólar de Hong Kong manteve-se perto da extremidade superior do seu regime de paridade com o dólar norte-americano.

Neste ambiente de incerteza e nervosismo, os mercados cambiais continuam a reflectir tanto os desequilíbrios macroeconómicos globais como a elevada sensibilidade geopolítica dos investidores — factores que, combinados, continuam a alimentar a debilidade do dólar norte-americano.

Fonte: O Económico

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