Dólar Ganha Força Enquanto o Mundo Aguarda a Resposta do Irão

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O dólar norte-americano iniciou a semana em alta, impulsionado pela procura de activos de refúgio na sequência dos bombardeamentos dos EUA sobre alvos nucleares iranianos. A tensão no Médio Oriente reacendeu os receios de uma escalada regional com efeitos nos mercados energéticos e financeiros.

Os mercados abriram esta segunda-feira em clima de aversão ao risco, com o dólar a ganhar terreno face ao euro e outras moedas de referência, ao passo que os contratos futuros de petróleo subiram e os índices bolsistas norte-americanos recuaram. O índice Bloomberg Dollar Spot registou um aumento de cerca de 0,9% desde o ataque israelita de 13 de Junho, reflexo de um movimento cauteloso dos investidores perante um cenário incerto.

Segundo Diego Fernandez, Chief Investment Officer do A&G Banco em Madrid, “o mundo pode estar mais seguro sem a ameaça nuclear iraniana, mas ainda é cedo para antecipar os contornos do conflito”. O receio de uma retaliação iraniana com impacto directo no Estreito de Ormuz — via estratégica para o comércio global de petróleo e gás — é apontado como o principal factor de risco.

O crude Brent chegou a atingir os 81,40 USD por barril na sessão asiática, reflectindo receios de uma interrupção no abastecimento global. Ainda assim, os analistas da Morgan Stanley consideram que uma resolução rápida poderá levar os preços de volta para os 60 USD, enquanto um prolongamento das tensões manterá os níveis actuais ou mesmo superiores.

Apesar do estatuto tradicional do dólar como moeda-refúgio, os seus ganhos têm sido relativamente moderados. Neil Birrell, da Premier Miton Investors, observou: “Toda a gente anda short no dólar, ninguém o quer. Mas talvez este seja o momento em que a maré muda”.

As obrigações do Tesouro dos EUA registaram variações limitadas, com os rendimentos dos títulos a 10 anos a subir marginalmente para 4,38%. Já os activos de

maior risco, como as acções e as criptomoedas, sofreram quedas — com o Bitcoin a cair abaixo dos 100 mil USD.

A par da escalada militar, os dados económicos do Reino Unido adicionaram pressão à libra esterlina, com as vendas a retalho a registarem uma queda mensal de 2,7% em Maio, bem abaixo das expectativas. A perspectiva de cortes adicionais da taxa directora do Banco de Inglaterra aumentou, contribuindo para o declínio do par GBP/USD para mínimos de 1,3400.

Enquanto o mundo observa a próxima jogada do Irão, os mercados reagem com prudência. Um bloqueio ao Estreito de Ormuz ou ataques a interesses americanos podem transformar uma crise localizada num choque global. Para já, os investidores mantêm-se atentos, posicionando-se em activos considerados mais seguros, com o dólar a recuperar parte do terreno perdido nos últimos meses.

Fonte: O Económico

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